Uma Variação do @Canalnoticiasglobo focada em Economia, Mercados e Finanças
O presidente dos Estados Unidos também afirmou que o acordo de venda do TikTok deve esperar um acordo com o gigante asiático sobre a disputa tarifária. O presidente dos EUA, Donald Trump, participa de uma reunião de gabinete na Casa Branca
REUTERS/Nathan Howard
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (17) que a China já entrou em contato "várias vezes" com o governo norte-americano para tratar sobre as tarifas de importação impostas ao país pelo republicano.
"Acredito que vamos fazer um acordo com a China", afirmou Trump em entrevista a jornalistas no Salão Oval nesta quinta-feira, reiterando que as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses podem "não aumentar e podem até mesmo diminuir".
O republicano também afirmou que o acordo de venda do TikTok deve esperar até que a questão comercial com a China seja resolvida. (entenda mais abaixo)
Trump eleva para 125% tarifas contra China
Guerra tarifária
As falas de Trump vão na contramão do que se tem observado recentemente da relação dos dois países, com a imposição de tarifas de importação tendo intensificado a guerra comercial entre os EUA e a China nas últimas semanas.
Na terça-feira (15), por exemplo, a Casa Branca publicou um documento em que informava que a China encararia tarifas de até 245% como resultado das "ações retaliatórias" do país asiático.
O documento não explicava como os EUA chegaram ao cálculo, mas foi atualizado para esclarecer que a taxa será aplicada em produtos específicos.
"A China enfrenta uma tarifa de até 245% sobre importações para os Estados Unidos como resultado de suas ações retaliatórias. Isso inclui uma tarifa recíproca de 125%, uma tarifa de 20% para abordar a crise do fentanil e tarifas da Seção 301 sobre bens específicos, entre 7,5% e 100%", diz o documento.
🔎 A Seção 301, da Lei de Comércio, foi projetada para abordar práticas estrangeiras injustas que afetam o comércio dos EUA e pode ser usada para responder a atos, políticas e práticas de governos estrangeiros que sejam "irracionais ou discriminatórios e que onerem ou restrinjam o comércio dos EUA", segundo o Departamento de Comércio dos EUA.
Na investigação da Seção 301, os EUA apuraram "práticas desleais" da China relacionadas à transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação.
A atenção está em setores estratégicos para os asiáticos, como tecnologia da informação, fabricação de máquinas automatizadas e robótica, veículos de nova energia (NEVs), equipamento de aviação e voo espacial, entre outros.
No mesmo dia, a porta-voz da Casa Branca, Katherine Leavitt afirmou que Trump considera que os norte-americanos não precisam firmar um acordo comercial com a China sobre tarifas. Segundo ela, a responsabilidade pelas negociações sobre tarifas recíprocas agora está com o governo chinês.
"A bola está com a China. A China que precisa fazer um acordo conosco. Nós não precisamos fazer um acordo com eles", afirmou a porta-voz.
Já na quarta-feira (16), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Li Jian, afirmou que os Estados Unidos deveriam interromper sua prática de "pressão máxima" e desistir de ameaças e chantagens se realmente quiserem dialogar e negociar com o país asiático para evitar a crescente guerra tarifária.
Acordo de venda do TikTok
O presidente norte-americano também afirmou nesta quinta-feira (17) que o acordo para venda do TikTok deve esperar até que a questão comercial dos EUA com a China seja resolvida.
O acordo de venda do TikTok já havia sido suspenso no início desse mês, após a China sinalizar que não aprovaria a operação. Segundo a Reuters, a afirmação do país asiático seria uma retaliação ao tarifaço de Trump.
Informações adicionais das reportagens do dia 20/04/2025
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2025/04/17/informacoes-adicionais-das-reportagens-do-dia-20042025.ghtml
Veja dicas para começar um pomar comercial de mamão formosa. Como começar um pomar de mamão
O Helton Scorparo, morador do município de Cambará, no Paraná, quer começar um pomar comercial de mamão formosa e entrou em contato com a nossa equipe em busca de informações sobre o tema.
Uma publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tem 500 perguntas e respostas sobre a fruta.
O material traz orientações sobre as variedades, o preparo do solo, a propagação de mudas e tratos culturais.
>>>Acesse aqui<<<
Ao todo, 279.500 contribuintes serão contemplados, no valor total de R$ 339,6 milhões. Imposto de Renda
AGÊNCIA BRASIL
A Receita Federal abre na próxima quarta-feira (23), às 10h, a consulta ao lote residual de restituições do Imposto de Renda do mês de abril de 2025.
Ao todo, 279.500 contribuintes serão contemplados, no valor total de R$ 339,6 milhões. (veja abaixo como fazer a consulta)
Do total, R$ 180,2 milhões referem-se ao quantitativo de contribuintes que têm prioridade no recebimento. Veja abaixo.
4.284 idosos acima de 80 anos
25.283 contribuintes entre 60 e 79 anos
3.820 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave
9.502 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério
204.798 contribuintes que receberam prioridade por utilizarem a declaração pré-preenchida ou optarem por receber a restituição via PIX;
Outros 31.813 contribuintes que recebem a restituição neste lote não são prioritários.
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Como fazer a consulta?
Assim que a consulta estiver disponível, o contribuinte deve acessar a página da Receita na internet e clicar na opção "Meu Imposto de Renda". Em seguida, basta clicar em "Consultar a Restituição".
A página oferece orientações e os canais de prestação do serviço, permitindo uma consulta simplificada ou completa da situação da declaração, por meio do extrato de processamento, acessado no e-CAC. Caso identifique alguma pendência na declaração, o contribuinte pode retificá-la, corrigindo as informações.
A Receita Federal disponibiliza, também, aplicativo para tablets e smartphones que permite consultar diretamente nas bases da Receita Federal informações sobre liberação das restituições do IRPF e a situação cadastral de uma inscrição no CPF.
dê play e entenda temas do momento
Malha fina
Ao realizar a consulta, o contribuinte também poderá saber se há alguma pendência em sua declaração que impeça o pagamento da restituição, ou seja, se ele caiu na chamada "malha fina".
Para saber se está na malha fina, os contribuintes também podem acessar o "extrato" do Imposto de Renda no site da Receita Federal no chamado e-CAC (Centro Virtual de Atendimento).
Ao fazer o login, selecione a opção “Meu Imposto de Renda (Extrato da DIRPF)”. Na aba “Processamento”, escolha o item “Pendências de Malha”. Lá, você poderá verificar se sua declaração está na malha fina e verificar qual o motivo pelo qual ela foi retida.
Para acessar o extrato do IR, é necessário utilizar o código de acesso gerado na própria página da Receita Federal ou certificado digital emitido por autoridade habilitada.
As restituições de declarações que apresentam inconsistência (em situação de malha) são liberadas apenas depois de corrigidas pelo cidadão, ou após o contribuinte apresentar comprovação de que sua declaração está correta.
Prazo para resgate
Segundo a Receita Federal, o pagamento das restituições serão feito apenas em conta bancária de titularidade do contribuinte, para evitar erro nos dados bancários informados ou algum problema na conta destino.
Para não haver prejuízo ao contribuinte, a Receita ainda oferece o serviço de reagendamento disponibilizado pelo agente financeiro Banco do Brasil pelo prazo de um ano da primeira tentativa de crédito.
Assim, o contribuinte poderá corrigir os dados bancários para uma conta de sua titularidade. Neste caso, o cidadão poderá reagendar o crédito dos valores de forma simples e rápida pelo Portal Banco do Brasil pelos seguintes meios:
Site, acessando https://www.bb.com.br/irpf
Ligando para a Central de Relacionamento BB por meio dos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).
As conclusões dos ministros, que devem ser apresentadas oficialmente ainda na tarde desta quinta, serão levadas para a cúpula de líderes do Brics, marcada para julho, no Rio de Janeiro.
Читать полностью…Fávaro diz que governo vai se 'apresentar' à China para substituir EUA no comércio de carne bovina
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/17/favaro-diz-que-governo-vai-se-apresentar-a-china-para-substituir-eua-no-comercio-de-carne-bovina.ghtml
Brasil deve aumentar exportação de carnes aos EUA mesmo com tarifaço, diz analista; americanos pagarão mais caro
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2025/04/17/brasil-deve-aumentar-venda-de-carnes-aos-eua-mesmo-com-tarifaco-diz-analista-americanos-pagarao-mais-caro.ghtml
Petrobras anuncia redução do preço do diesel em R$ 0,12 por litro
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/17/petrobras-reduz-o-preco-do-diesel-em-r-012-por-litro.ghtml
Governo publica MP que libera R$ 27,4 milhões para reforço da segurança do STF
https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/04/17/governo-publica-mp-que-libera-r-274-milhoes-para-reforco-da-seguranca-do-stf.ghtml
Apesar do revés, ainda segundo Eike, o agrônomo insistiu na pesquisa nesses últimos anos, tendo importado germoplasmas (material genético) de cana-de-açúcar dos Estados Unidos, da França e da ilha de Barbados e promovido cruzamentos para desenvolver 17 novas variedades.
"Por isso que a gente chama esse o maior programa de melhoramento genético convencional do mundo", diz Eike.
O "convencional" se deve ao fato de que as variedades são desenvolvidas a partir do cruzamento de plantas, ao contrário, por exemplo, da engenharia genética feita em laboratório, que produz plantas geneticamente modificadas.
As críticas
Na última década, contudo, os projetos na área de cana-energia têm sido abandonados pelos principais centros de pesquisa do país.
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), uma das referências globais no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar, é um exemplo.
Segundo sua assessoria de imprensa, o foco hoje é no desenvolvimento de "variedades por melhoramento genético e biotecnologia tendo em vista o aumento da produtividade dos canaviais e controle da broca-da-cana".
O CTC não respondeu ao questionamento feito pela reportagem sobre a razão para a ausência de pesquisas especificamente na área de cana-energia.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por sua vez, também declinou pedido de entrevista da BBC News Brasil.
Sua assessoria de imprensa afirmou que "pesquisas com cana-de-açúcar acontecem em diferentes centros de pesquisa da empresa", mas que, "considerando o contexto da matéria, o tema 'supercana' não está entre os abordados em nossas pesquisas no momento".
Reinach enxerga pelo menos duas principais razões que explicam por que a cana-energia saiu do foco do setor nos últimos anos.
Uma delas é que ela tem poder calorífico menor do que outras fontes de biomassa, como a lenha, por exemplo. Ou seja, é necessário um volume maior de bagaço para produzir a mesma quantidade de energia. Isso significa maior custo de transporte, caso o bagaço tenha que ser queimado em um local mais distante de onde a cana foi plantada.
"Quando você traz de longe, ele fica não competitivo", explica o pesquisador, que é membro da Academia Brasileira de Ciências.
Outro motivo seria o fato de que a cana que produz mais celulose e menos açúcar é muito mais difícil de processar.
"Ela fica tão dura que é quase impossível você colocar em uma moenda para tentar tirar açúcar", ilustra.
Esse ponto também foi destacado por José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da consultoria MB Agro.
Ele cita o caso ilustrativo da GranBio, empresa que investiu na cana-energia para produção de etanol de segunda geração (feito a partir de celulose em vez de açúcar) nos últimos dois anos e esbarrou em uma série de problemas, entre eles, a tecnologia usada para processar o bagaço.
A empresa acreditava, equivocadamente, que conseguiria utilizar o maquinário que já era empregado em outros tipos de biomassa, como a madeira, para processar a cana. Foi o que disse, em janeiro, o CEO da companhia, Bernardo Gradin, durante o lançamento do projeto que justamente reorientou a direção dos esforços do negócio.
Segundo reportagem da plataforma Capital Reset, o uso de bagaço de cana e de outros tipos de biomassa para produzir o combustível verde não seria mais o foco, que passaria a fontes como o biometano.
'A gente não está aqui pra divulgar mentira'
Questionado pela reportagem sobre as críticas, Eike Batista diz que seu objetivo não é explorar a "supercana" para produzir energia por meio da queima, mas para usos "mais nobres", como matéria-prima para a fabricação de plástico biodegradável, a partir do bagaço, e de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), a partir do etanol.
"O etanol vai pro SAF, que eles querem botar na [nos aviões da] Emirates", diz o empresário, referindo-se ao fundo árabe que, segundo ele, prometeu os US$ 500 milhões para o investimento, o Abu Dhabi Investment Group (Adig).
Ele já foi o homem mais rico do Brasil, mas viu a fortuna evaporar em meio ao colapso de suas empresas e de acusações de corrupção. “De volta”, Eike Batista promove uma variedade de cana-de-açúcar que ele diz ser muito mais produtiva que a convencional - e que foi recebida com desconfiança pelo setor.
Eike Batista em seu escritório no Rio: 'supercana' foi recebida com desconfiança pelo setor
Reuters via BBC
Depois de quase uma década longe dos holofotes, o empresário Eike Batista anunciou no fim de fevereiro em suas redes sociais que estava "de volta".
"I'm back", ele escreveu no X, ao compartilhar uma notícia da plataforma de informações financeiras Bloomberg em que ele alegava ter garantido investimento de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,95 bilhões) para seu mais recente empreendimento: explorar uma nova variedade de cana-de-açúcar como matéria-prima para a produção de combustível de aviação e embalagens sustentáveis.
Também em inglês, o post seguinte marcava Elon Musk, o bilionário à frente do X e de empresas como Tesla e SpaceX: "Hey @elonmusk, remember Rio '08? Let's talk supercana and X!" ('"Hey Elon Musk, lembra do Rio em 2008? Vamos falar de supercana e X!")
O texto fazia referência a um suposto encontro dele com o atual conselheiro sênior da gestão Donald Trump na Casa Branca — um churrasco na casa de Eike — e à aposta do empresário brasileiro no que apelidou de "supercana".
Nos comentários, as opiniões se dividiram. Alguns o parabenizaram pelo retorno ao mundo dos negócios, expressaram admiração por sua trajetória, enquanto outros reagiram com ceticismo e com críticas ácidas, muitas respondidas pelo empresário.
"Nossa, como gosto de haters!!!", ele chegou a rebater, em maiúsculas.
Parte da desconfiança se deve à trajetória de ascensão e ruína de Eike e de seu "império X", um conglomerado que reuniu empresas de logística, óleo e gás e mineração no final da década de 2000 e que em poucos anos desmoronou em meio a escândalos envolvendo, por exemplo, o suposto superdimensionamento do potencial de projetos nos quais as companhias estavam envolvidas.
À BBC News Brasil, Eike se defendeu argumentando que parte dos objetivos ambiciosos daquela época não se concretizaram porque os brasileiros, "por uma questão cultural", não lhe deram o tempo de que precisava para reerguer seu negócio quando ele se viu diante de uma "crisezinha".
E citou mais uma vez Elon Musk, que teria "quase pedido falência em 2019", para depois encaixar uma trajetória de crescimento em suas empresas.
"Só que, nos Estados Unidos, o pessoal tem mais paciência. Viu que o projeto era bom e disse: 'Tá certo, vamos dar mais uma oportunidade'. Deixou ele levantar mais recursos na bolsa", completou, em entrevista por viodeconferência de seu escritório no Rio de Janeiro.
Ele também se disse vítima da má gestão de executivos da empresa, que estariam entre os responsáveis pelos números que alimentaram as estimativas demasiadamente otimistas, comparando sua situação com o que aconteceu recentemente com as Americanas, que esteve no centro de uma fraude contábil.
Eike chegou a ser o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna que atingiu US$ 34,5 bilhões em 2012.
Foi preso em 2017 e detido em 2019 no escopo da Operação Lava Jato, assinou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República em 2020 e foi condenado pela Justiça Federal do Rio por crimes contra o mercado de capitais em 2021.
Ele é alvo de cinco ações penais em andamento e recorre em todas elas. Parte de seu patrimônio ainda está bloqueada pela Justiça.
Um dos aspectos mais marcantes da derrocada do império X foram as promessas bilionárias que não se concretizaram, em especial as reservas de petróleo da OGX, que acabaram revisadas para uma fração do previsto inicialmente, dando início à crise que engoliu o grupo em 2013.
Sim, porque com todos os ingredientes, é a hora de lembrar da frase bíblica que apregoa que as coisas de Deus devem ser deixadas a Deus e as coisas de César, a César. Porque o deus mercado é capaz de fazer perpetuar as mais diversas tradições inventadas…
“O consumo do bacalhau, trazido pela corte, caiu no gosto do brasileiro. Vivemos num modo de produção capitalista e quando algo cai no gosto da prática mercantilista comercial, tudo vira mercadoria: tem gente que vende e gente que consome", reflete Moraes. "Então está aí: ficou sendo uma prática muito explorada até hoje. E os vendedores de peixe agradecem."
Esta reportagem foi publicada originalmente em 6 de abril de 2023
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O historiador, teólogo e filósofo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, ressalta que essa ideia de jejum, no catolicismo, está ligada ao sacramento da penitência, ou seja, um sacrifício feito para a remissão dos pecados.
"No catolicismo, é um conceito que trabalha de modo muito forte com a ideia de reconciliação", diz Moraes.
Ora, a quaresma é, por assim dizer, o momento perfeito para a ocorrência dessa experiência religiosa. “Porque é um período de perdão, de reconstrução. E é dentro dessa lógica toda que aparece a abstinência da carne, como um símbolo dessa vida que pede para ser reconciliada”, acrescenta o historiador.
Afinal, a simbologia está na narrativa: a quaresma é o percurso que resulta na Páscoa. E a Páscoa, a festa da ressurreição, seria o ápice dessa história de renovação, essa possibilidade de que cada um se torne um novo ser humano.
Moraes aponta que essa prática de abstinência não costuma ser seguida por cristãos protestantes, evangélicos ou de outras denominações.
Segundo ele, a raiz dessa diferença está justamente na questão dos sacramentos — se para os católicos, são sete, incluindo a penitência ou arrependimento dos pecados, protestantes têm apenas dois: batismo e eucaristia.
Peixe
Mas se a ideia é jejuar, por que o peixe seria permitido?
São muitas as explicações que, somadas, resultam numa unânime permissão. Em primeiro lugar, é preciso lembrar como peixes eram importantes no contexto do Jesus histórico, ou seja, no dia a dia daquelas comunidades do Oriente Médio de cerca de 2 mil anos atrás.
Não à toa, os primeiros seguidores de Jesus são apresentados, nos evangelhos, como pescadores. "Ele tinha entre os discípulos, pescadores. É lógico que o peixe é um alimento importante na cultura judaica. Mas não há uma relação explícita, direta, [disso com a ideia da troca da carne pelo peixe]", diz Moraes.
O que há, lembra Chevitarese, é uma questão ortográfica. Peixe, no grego antigo, era ichthys.
Os cristãos primitivos, naqueles tempos em que eram perseguidos por sua fé, decidiram usar o peixe como símbolo atribuindo à palavra um acrônimo: Iesous Christos Theou Yios Soter, que significa Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.
"Assim, o consumo do peixe também passa por um conjunto de simbolismos, na experiência, na prática cotidiana de muitos cristãos", argumenta o historiador.
"As letras que compõem a palavra ichthys formam o sentido que está muito relacionado ao cristianismo", afirma. "Este peixe é, por si só, simbolicamente algo que se remete a Jesus como salvador."
Carne vermelha
OK, havia a prática do jejum, já disseminada. E havia o hábito do peixe, acrescido da simbologia toda. Mas qual o problema com a carne vermelha, afinal?
A teoria mesmo veio apenas no século 13, graças ao filósofo, teólogo e frade italiano São Tomás de Aquino (1225-1274), um dos grandes pensadores do mundo medieval.
"Quando ele prescreveu uma orientação aos fiéis a respeito do jejum, apontou a carne como um dos alimentos mais prazerosos, juntamente com os laticínios", conta Medeiros.
"Fez isso porque o jejum era concebido como o ato de se abster de algo que mais se gostava, não necessariamente privar-se de carne. Mas a carne, em si, por satisfazer o prazer do paladar, estava muito associada à luxúria, aos pecados sexuais, comumente chamados de 'pecados da carne'."
"A teologia [da abstinência de carne vermelha] foi trazida por Tomás de Aquino", concorda Chevitarese.
Medeiros atenta para a recorrência de exemplos que confirmam essa ideia. Por exemplo, a regra de São Bento, documento atribuído ao monge São Bento de Núrsia (480-547) e que rege a ordem beneditina.
"Exigia que os monges só comessem carne em caso de necessidade extrema ou por questão de saúde", afirma a estudiosa do catolicismo.
Ela conta que o tema foi muito debatido em sínodos da Igreja ao longo de séculos.
Como bacalhau virou prato típico da Sexta-Feira Santa
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2025/04/17/como-bacalhau-virou-prato-tipico-da-sexta-feira-santa.ghtml
Censo 2022: mais da metade das cidades não tem nenhum trecho de rua para bicicletas, diz IBGE
https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2025/04/17/censo-2022-bicicletas.ghtml
34% dos brasileiros vivem em trechos de ruas sem nenhuma árvore, aponta IBGE
https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2025/04/17/censo-2022-arborizacao-vias-moradores.ghtml
Trump diz que China entrou em contato 'várias vezes' para falar sobre tarifas
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/17/trump-china-tarifas.ghtml
Ao utilizar esse serviço o contribuinte deve informar o valor da restituição e o número do recibo da declaração. Após isso, deve-se aguardar nova tentativa de crédito.
Caso o contribuinte não resgate o valor de sua restituição no prazo de um ano, deverá requerê-lo pelo Portal e-CAC, disponível no site da Receita Federal, acessando o menu Declarações e Demonstrativos > Meu Imposto de Renda e clicando em "Solicitar restituição não resgatada na rede bancária".
Quem é obrigado a declarar o Imposto de Renda
quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888,00 em 2024. O valor é um pouco maior do que o da declaração do IR do ano passado (R$ 30.639,90) por conta da ampliação da faixa de isenção;
contribuintes que receberam rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido superior a R$ 200 mil no ano passado;
quem obteve, em qualquer mês de 2024, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas cuja soma foi superior a R$ 40 mil, ou com apuração de ganhos líquidos sujeitas à incidência do imposto;
quem teve isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguido de aquisição de outro imóvel residencial no prazo de 180 dias;
quem teve, em 2024, receita bruta em valor superior a R$ 169.440,00 em atividade rural;
quem tinha, até 31 de dezembro de 2024, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 800 mil;
quem passou para a condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição até 31 de dezembro de 2024;
quem optou por declarar os bens, direitos e obrigações detidos por entidade controlada no exterior (ou seja, uma empresa ou organização no exterior que é controlada direta ou indiretamente por uma pessoa física ou jurídica residente no Brasil), como se fossem detidos diretamente pela pessoa física;
quem possui a titularidade de trust e demais contratos regidos por lei estrangeira com características similares;
quem atualizou bens imóveis pagando ganho de capital diferenciado (forma específica de tributação sobre o lucro obtido na venda de vens ou direitos) em dezembro/2024;
quem auferiu rendimentos no exterior de aplicações financeiras e de lucros e dividendos;
quem deseja atualizar bens no exterior.
Imposto de Renda: Receita divulga lote residual da restituição; veja como consultar
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/noticia/2025/04/17/imposto-de-renda-receita-divulga-lote-residual-da-restituicao-veja-como-consultar.ghtml
Representantes da alfândega chinesa devem se reunir com membros do governo na próxima semana. Conversas podem pavimentar negociações para a visita de Lula à China, em maio. Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro
Filipe Matoso/g1
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quinta-feira (17) que o Brasil vai se colocar à disposição da China para "substituir" frigoríficos dos Estados Unidos no comércio de carne bovina.
A "oportunidade", como chamou Fávaro, surgiu a partir de um ato do governo chinês que, em meio ao avanço da guerra tarifária americana, retirou a autorização de quase 400 plantas frigoríficas dos EUA para vender carne bovina à China.
O espaço aberto com a desabilitação dos frigoríficos americanos, na avaliação do ministro, poderá ser "ocupado" pelo Brasil.
"Há poucos dias, nas carnes bovinas, o governo chinês deixou de habilitar 395 plantas. Alguém vai precisar fornecer essa carne, que era fornecida pelos norte-americanos. O Brasil se apresenta, com muita vontade e capacidade, e tenho certeza que vamos saber ocupar esse espaço e ser um grande fornecedor", disse Carlos Fávaro à imprensa.
O ministro da Agricultura afirmou que o esforço do governo brasileiro para ampliar a venda de proteínas no mundo não se limita à China.
Segundo ele, negociações também têm ocorrido com o Japão, a partir de um acordo firmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em visita ao país em março.
"Por óbvio, queremos ampliação com a China. Acho que, diante da não reabilitação de quase 400 plantas nos EUA, eles vão precisar se decidir, e vamos nos apresentar", declarou.
O ministro da Agricultura afirmou que representantes da alfândega chinesa devem se reunir com o governo brasileiro na próxima terça-feira (22). As conversas, de acordo com ele, devem tratar da ampliação comercial entre os países, além de debater a adoção de protocolos conjuntos.
As tratativas entre as áreas técnicas do Brasil e da China devem pavimentar as negociações entre o presidente Lula e o presidente chinês, Xi Jinping. Com viagem marcada para maio, Lula deve colocar a ampliação comercial como uma das pautas das agendas na China.
Ao ser questionado se o Brasil tem estrutura para substituir totalmente os EUA no mercado chinês, Fávaro disse que "não pode ter essa pretensão".
O ministro afirmou, no entanto, que, "sem sombra de dúvida", o Brasil é um dos "pouquíssimos" países do mundo capaz de expandir a área produtiva em dezenas de milhões de hectares.
"Certamente, gradativamente, o Brasil será a segurança alimentar. Não só para a China, mas para todos os países do mundo", disse.
Encontro com ministros do Brics
Produtores de café lidam com as incertezas do tarifaço de Trump
As declarações do ministro ocorreram em um dos intervalos de uma reunião entre ministros de Agricultura do Brics, um bloco criado para fomentar a cooperação entre 11 economias emergentes, como China e Rússia, e que tem, neste ano, o Brasil na presidência.
No encontro, que ainda ocorre no Palácio do Itamaraty, em Brasília, os ministros devem concluir e divulgar uma declaração conjunta, que abrangerá compromissos do bloco com a agropecuária, o desenvolvimento sustentável e um plano de ação para os próximos quatro anos.
De acordo com Fávaro, embora o encontro não tenha sido convocado em razão do "tarifaço" americano, parte das discussões envolveram mecanismos para que os países do Brics superem obstáculos criados por barreiras comerciais e protecionismo.
Um dos pontos tratados e defendidos em consenso pelo bloco, afirmou o ministro, é a necessidade de ampliar o comércio de produtos agropecuários intrabloco.
"Por óbvio, isso nos motiva ainda mais para o fortalecimento desse bloco geopolítico. A afronta neste momento, por parte do governo norte-americano, e um protecionismo sem precedentes certamente nos induz ao fortalecimento do bloco e buscar novas oportunidades", declarou Fávaro.
Carne bovina brasileira continua competitiva porque os preços do gado nos EUA dobraram em relação ao Brasil devido a estoques historicamente baixos no país. Vendas devem crescer 14% neste ano, segundo analista. Carne bovina brasileira continua competitiva nos EUA, apesar das taxas de Donald Trump
Fábio Tito/g1
O tarifaço de Donald Trump não prejudicará as vendas de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos, seu segundo maior destino de exportação, segundo analistas e associações do setor.
As importações brasileiras de carne bovina que excedem uma cota predeterminada já pagavam uma tarifa de 26,4%. Com o programa de "tarifas recíprocas" de Trump, os produtos brasileiros receberam uma taxa específica de 10%, elevando o total para 36,4%.
Mesmo com as tarifas mais altas, a carne bovina brasileira continua competitiva porque os preços do gado nos EUA dobraram comparados ao Brasil devido a estoques historicamente baixos no país, segundo analistas.
Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, estima que as exportações de carne bovina brasileira para os EUA crescerão quase 14% neste ano e devem chegar a 428.000 toneladas (peso equivalente de carcaça).
As vendas totais de carne bovina brasileira para os EUA no primeiro trimestre atingiram US$ 557,15 milhões, um aumento de 67% em valor, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Para o consumidor americano, no entanto, a carne bovina ficará mais cara, pois os importadores terão que arcar com o ônus dos impostos mais altos.
ENTENDA: Como o tarifaço pode fazer o agro do Brasil aumentar vendas para China
Como escolher a carne no mercado
Exportação maior para a China
João Figueiredo, analista da consultoria Datagro, disse que a demanda dos EUA é tão forte que o Brasil preencheu uma cota anual de 65.000 toneladas livre de tarifas em apenas 14 dias em 2025, o que nunca havia ocorrido.
Além disso, os pecuaristas brasileiros estão prontos para aumentar a oferta, disse Figueiredo, afirmando que há ampla disponibilidade de gado no Estado do Mato Grosso.
O Brasil, que já responde por mais de 30% do comércio global de carne bovina, também tem condições de aumentar as vendas para a China depois que o país asiático deixou de renovar o registro de centenas de unidades produtoras de carne dos EUA.
Hoje, apenas a China compra mais carne bovina do Brasil que os Estados Unidos.
As exportações para os EUA representaram 17% do total das vendas externas brasileiras no primeiro trimestre, enquanto o preço médio de venda para o mercado norte-americano subiu de US$ 2.943 para US$ 3.384 por tonelada, segundo dados da Abrafrigo.
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Jorge Júnior/Rede Amazônica
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (17) que vai reduzir o preço do óleo diesel vendido às distribuidoras em R$ 0,12 por litro a partir desta sexta-feira (18).
De acordo com a estatal, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será de R$ 2,95 por litro.
A Petrobras calcula que haverá uma redução de R$ 0,10 na bomba. Isso porque o diesel fóssil vendido pela estatal às distribuidoras é misturado ao biodiesel, na proporção de 86% fóssil e 14% biocombustível.
Recursos foram solicitados após o atentado com explosivos contra a Corte em novembro de 2024. Dinheiro será utilizado na nomeação de 40 policiais e na compra de equipamentos. Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, com estátua da Justiça em destaque.
Divulgação/STF
O governo publicou nesta quinta-feira (17) uma medida provisória que libera R$ 27,4 milhões para reforço da segurança na sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os recursos foram solicitados pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, após o atentado com explosivos na frente do prédio do Supremo em novembro de 2024, no qual o autor dos ataques, Francisco Wanderley, morreu (relembre no vídeo abaixo).
Por se tratar de uma medida provisória, o montante já é liberado com a publicação da MP no "Diário Oficial da União", o que aconteceu nesta quinta. O Congresso ainda vai analisar e a avalizar a operação.
Vídeo mostra ação de homem em frente ao STF
De acordo com o pedido do STF, o dinheiro será utilizado para:
nomeação de 40 agentes para a Polícia Judicial, que faz a segurança no STF (R$ 7 milhões)
equipamentos antidrone (R$ 12 milhões)
um drone autônomo (R$ 150 mil)
duas câmeras termais (R$ 120 mil)
10 pinos hidráulicos para estabelecimento de um perímetro de segurança (R$ 1,2 milhão)
três guaritas (R$ 30 mil)
um espectrômetro de massa (R$ 95 mil)
60 mil munições de treino (R$ 360 mil)
19 conjuntos de aparelhos de raio-X e de detecção de metais (R$ 5,7 milhões)
licença de um software de segurança (R$ 221,8 mil)
70 rádios comunicadores (R$ 425 mil)
75 coldres e porta carregadores (R$ 56 mil)
"Com base em critério técnicos, a Secretaria de Segurança concluiu pela necessidade de reforço do efetivo de policiais judiciais e de aquisição de equipamentos para mitigar os riscos à segurança do STF [após o atentado com explosivos de 13 de novembro de 2024]", diz a solicitação do STF
Os 40 novos agentes serão solicitados do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que tem sede em Brasília (DF), e recentemente realizou concurso público para a área de segurança.
Os R$ 7 milhões serão utilizados custear a despesa com os novos agentes neste ano. Nos próximos anos, esses gastos serão incorporados ao orçamento do Judiciário.
"A nomeação de novos agentes de polícia judicial é indispensável para que seja possível planejar a retirada das cercas, retornar a visitação pública, dar maiores celeridade e eficiência ao controle de acesso e reforçar a segurança das autoridades", afirma o pedido assinado por Luís Roberto Barroso.
Sobre a dificuldade de processar a cana com mais bagaço, ele afirma que o projeto prevê o desenvolvimento de novas máquinas, maiores e mais reforçadas.
"As pessoas levam de um jeito muito leve: 'Ah, as plantas não dão para processar essa cana'. Mas peraí, se eu tô produzindo três vezes mais, essa conta se paga numa velocidade absurda. Por isso, nosso negócio começa todo do zero", pontua.
Segundo o empresário, a "supercana" é hoje cultivada de forma experimental em uma usina de referência no interior de São Paulo, em Araras.
O projeto modelo deve ter início neste ano, com o plantio de 50 hectares no norte do Estado do Rio, em uma região próxima ao porto de Açu, onde também serão construídas três fábricas de processamento.
As projeções dos gestores preveem que as embalagens a partir do bagaço comecem a ser produzidas em 2026 e o SAF, a partir de 2028. A estimativa é que, até 2031, a área plantada alcance 70 mil hectares.
Eike diz que já tem sido procurado por cooperativas interessadas em fazer consórcios. E encerra a entrevista se referindo aos "haters":
"Tem gente que [fala] 'Ah, mas o Ometto falou…', mas tem gente que vai pesquisar mais, vai querer ver e todo mundo vai falar assim: 'Não, a supercana do Eike que vai virar tudo de cabeça para baixo'. E a gente não está aqui para ficar divulgando o quê, uma mentira? Que besteira é essa?"
Daí o ceticismo em torno da "supercana" que o empresário tenta agora promover, que produziria de duas a três vezes mais etanol por hectare do que a cana convencional e de 7 a 12 vezes mais bagaço, na mesma comparação.
Essa não é, contudo, a única razão.
Novo capítulo de uma história antiga
Muita gente da indústria canavieira olhou para o anúncio com ressalvas.
Primeiro, porque o setor passou anos investindo em pesquisas de variedades de cana-de-açúcar semelhantes à do projeto, que produzissem mais bagaço, e acabou abandonando a maioria das iniciativas, que muitas vezes não se mostraram economicamente viáveis.
Depois, porque o próprio negócio que é hoje foco do empresário também tem uma história que críticos veem como fracassada.
O empresário Rubens Ometto, controlador da Cosan, conglomerado que atua na produção de etanol e açúcar, tocou em ambos os assuntos em um comentário breve durante uma conferência promovida pelo banco BTG Pactual em fevereiro.
"Falar do Eike... É difícil criticar, mas já fizemos isso e abortamos. Começamos pequenos e abortamos. Conheço os técnicos que estão lá, que eram daquela empresa da Votorantim...", ele disse.
Um dos técnicos aos quais Ometto faz referência é o agrônomo Sizuo Matsuoka, que há décadas se dedica ao melhoramento genético da cana-de-açúcar e é personagem central da nova empreitada de Eike Batista.
Por e-mail, ele declinou o pedido de entrevista feito pela BBC News Brasil.
Neto de imigrantes japoneses, Matsuoka começou a estudar sobre cana-de-açúcar em 1968 no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e foi professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
No início dos anos 2000, fez parte da equipe que fundou a CanaVialis, uma iniciativa da Votorantim Novos Negócios focada no melhoramento genético da cana com diferentes finalidades, para desenvolvimento de variedades que produzissem mais açúcar, por exemplo, ou mais bagaço.
A pesquisa do agrônomo se concentrou nessa última vertente, que acabou ficando conhecida no setor como "cana-energia".
Nesse tipo de aplicação, a biomassa da cana (o bagaço) é, de forma simplificada, queimada para produzir energia.
A lógica é a mesma da lenha ou de qualquer outra matéria orgânica usada com fim semelhante: o calor da queima esquenta água até que ela produza vapor, que deve então ser capaz de girar uma turbina para converter energia mecânica em energia elétrica.
Por isso, o foco do melhoramento genético em variedades que produzissem mais bagaço. Quanto mais bagaço, mais insumo para queimar.
"Cana-energia nada mais é do que você tentar selecionar variedades de cana que, em vez de produzirem açúcar, transformem esse açúcar em celulose", explica Fernando Reinach, que foi contemporâneo de Matsuoka na CanaVialis e presidente da companhia.
"Ela não é uma 'supercana'. É selecionada para, em vez de produzir açúcar, produzir energia."
Em 2008, a CanaVialis foi vendida para a Monsanto, que fechou a empresa em 2015. Muito antes disso, contudo, Matsuoka havia deixado a companhia para investir no próprio negócio, batizado de Vignis, e dar continuidade à sua pesquisa.
Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em 2014, ele disse que a decisão de sair se deu porque sabia que a ideia da cana voltada para a produção de biomassa e energia ia "se perder" na CanaVialis, que teria eleito outras prioridades de pesquisa.
A Vignis operou entre 2011 e 2017, quando entrou em recuperação judicial. Eike se aproximou de Matsuoka ainda em 2015, quando, por meio de uma companhia batizada de BRX, embarcou no negócio.
Na visão do empresário, a falência da Vignis foi de certa forma efeito colateral das dificuldades financeiras que o grupo Odebrecht, que era então um de seus principais clientes, passou a enfrentar quando se viu no centro da Operação Lava Jato.
"Se a Odebrecht não tivesse quebrado lá atrás, essa empresa [Vignis] já estaria voando há muito tempo", ele comentou durante a conversa com a reportagem.
O que é a 'supercana' de Eike Batista, a nova aposta para reerguer seu império
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2025/04/17/o-que-e-a-supercana-de-eike-batista-a-nova-aposta-para-reerguer-seu-imperio.ghtml
"Foi colocado em questão, inclusive, se a carne moída e o presunto poderiam ser consumidos no lugar da carne [em si] porque, uma vez triturados, teriam perdido suas propriedades 'carnosas'", exemplifica Medeiros.
"Por fim, na Idade Média, os fiéis observavam o chamado 'jejum magro', que previa a abstinência de carne em várias épocas do ano, incluindo na sexta-feira", conta a pesquisadora. A regra atual consta de dois documentos do Vaticano: o Código de Direito Canônico de 1917 e a Constituição de 1966, do papa Paulo 6º (1897-1978).
Não são poucos os artifícios retóricos que buscam explicar a diferença entre carnes de diversos bichos, de modo a autorizar o consumo do peixe e proibir o de outros animais, por exemplo.
"Há o elemento do peixe como uma carne cujo sangue é frio, em detrimento ao sangue quente da carne vermelha dos bovinos e do frango", comenta Chevitarese.
As nuances não são muito claras tampouco na hora de definir o que é um peixe ou não. Nesse sentido, a religião não necessariamente bebe nas fontes da ciência.
"Na tradição judaica, o peixe seria o animal que tem escama e barbatana. Embora consideremos peixes muitos outros animais marinhos que não necessariamente tenham escama e barbatana", explica o historiador.
Ele relata que já se deparou com entendimentos bastante afrontosos ao conhecimento taxonômico.
"Por exemplo, em Nova Orleans [nos Estados Unidos] houve um bispo que disse que jacaré deve ser considerado um peixe. Então os católicos de lá podem comer carne de jacaré na Sexta-Feira Santa", conta.
"Tem culturas que encaram a capivara como peixes, então católicos podem comer capivara na quaresma. E em Quebec [no Canadá], um bispo disse que castores também são peixes…"
"Então, a regra varia muito sobre o que é peixe [no âmbito religioso], como definir o que é peixe…" acrescenta ele. "Há muitas brechas."
Bacalhau
"Não há nenhuma prescrição da Igreja sobre o uso do bacalhau", frisa Medeiros. Ela vai direto ao ponto: a tradição pegou no Brasil "simplesmente porque fomos influenciados pelos costumes portugueses". Ora, pois…
"Eles trouxeram a iguaria para cá no século 19. Por ser considerado um peixe de longa conservação, muitos fiéis o consumiam durante toda a quaresma", acrescenta ela.
Aí parece estar o pulo do gato — ou o salto do peixe. Em tempos anteriores à invenção da geladeira, sobretudo em que a quaresma ocorre no verão, como o Brasil, era preciso facilitar essa ideia de comer peixe.
Como o bacalhau costuma ser curado, em um processo com adição de sal e desidratação, ele é um produto que pode ser conservado por mais tempo sem refrigeração. Em resumo: não foi por fé no bacalhau, foi por puro pragmatismo.
O historiador Chevitarese explica que o consumo do bacalhau foi trazido ao Brasil com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808. Aos poucos, a iguaria começou a estar disponível nos famosos empórios de secos e molhados.
"A lógica da penitência impõe ao fiel que ele obedeça, de livre e espontânea vontade, a um momento penitencial importante", enfatiza Moraes. "A Páscoa é uma excelente oportunidade para isso. Na Sexta-Feira Santa, então, o sujeito faz essa substituição [da carne pelo bacalhau], que é uma coisa histórica, tradicional."
"Somos um país criado sob a influência do catolicismo, então essa observância dos fiéis católicos vem desde a época da colonização e é algo muito evidente, ancorado pela orientação dos padres daqui. E o peixe [o bacalhau] apareceu como uma tradição da própria corte portuguesa", diz ele.
O teólogo sintetiza: se o ritual da abstinência veio com a colonização, a prática se acentuou com a chegada da corte portuguesa ao Rio.
"Então o bacalhau, com praticidade de algo que fazia parte da culinária portuguesa e não se estragava com facilidade, foi inserido. E aquilo foi sendo ressignificado ao longo do tempo", comenta.
Para especialistas, costume tem suas raízes na influência de Portugal enquanto país colonizador do que depois se tornaria o Brasil. Entenda Bacalhau
GETTY IMAGES
Em seus quase 40 anos de sacerdócio, não foram poucas as vezes em que o padre Eugênio Ferreira de Lima questionou o costume, tradicional em muitas famílias católicas brasileiras, de não comer carne vermelha na quaresma — alguns, apenas na Semana Santa; outros, exclusivamente na Sexta-Feira Santa, dia em que o protagonista à mesa costuma ser o bacalhau.
"Sobretudo porque bacalhau é mais caro do que certas carnes", disse Lima, em troca de mensagens com a reportagem da BBC News Brasil.
"Também não vejo sentido em fazer jejum ou não comer carne e não dar o que deixou de comer para os mais pobres. Às vezes me sinto uma voz isolada nesse sentido."
O questionamento levantado pelo religioso faz muito sentido, sobretudo em tempos de inflação, que tem reduzido a oferta de alimentos na mesa dos brasileiros.
Mas, ao mesmo tempo, é uma crítica que instiga: de onde veio o costume do bacalhau na sexta-feira que antecede à Páscoa?
Para especialistas, é uma história longa em que não há uma única explicação. E, claro, tem suas raízes na influência de Portugal enquanto país colonizador do que depois se tornaria o Brasil. Outra parte da explicação está no fato de ser um produto que pode ser conservado por mais tempo sem refrigeração.
"Quando o assunto é o 'não se pode comer tal coisa' e 'é permitido consumir tais produtos', a regra não é tanto baseada na questão econômica", explica o historiador André Leonardo Chevitarese, professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do livro Jesus de Nazaré: O Que a História Tem a Dizer sobre Ele, entre outros.
"E o caso do bacalhau tem a ver com a colonização portuguesa", observa.
"A chave para pensar essa questão, se não é econômica, tem a ver com a questão religiosa. Por isso é tão tensa essa questão. Nem todo cristão faz jejum ou abre mão de comer carne vermelha durante a Semana Santa", lembra Chevitarese.
"O que leva alguém a consumir ou não carne vermelha diz respeito a olhares, formas de se ler teologicamente o que vem a ser o sacrifício de Jesus na cruz", completa ele.
É por isso que a abstinência de carne suscita comentários que vão desde o "a Igreja Católica proibiu sem base bíblica" aos que defendem que regulamentações oriundas de documentos ou da tradição católica estariam, sim, ancoradas pelos ensinamentos dos livros sagrados, como contextualiza Chevitarese, em "simbologias teológicas do ato do sacrifício de Jesus".
"Ou seja: eu não discutiria questões econômicas, mas pensaria em simbologias", conclui ele.
E aí há algumas questões que precisam ser levadas em conta: a prática do jejum, o simbolismo do peixe, o prazer de comer carne vermelha e, por fim, a disseminação do bacalhau no mundo lusitano.
Bacalhau é peixe ou modo de preparo?
Jejum
"Tudo começa, na verdade, com o jejum", afirma a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
"Desde os primeiros séculos do cristianismo tal prática é observada, mas sem focar em um alimento específico. Até porque, na era primitiva do cristianismo, havia essa preocupação de romper com as práticas judaicas em alguns aspectos, embora a influência, do ponto de vista cultural, fosse mais que evidente. É na Idade Média que se começa a desenhar tal preceito."
Chevitarese ressalta que desde os primeiros cristãos já havia uma reflexão sobre "pensar o sacrifício de Jesus" experimentando alguma forma de abstinência.
"A ideia de jejuar, de ter uma ascese, representaria, sob muitos aspectos, uma austeridade, um autocontrole diante dos prazeres humanos, sempre em dimensão ao sacrifício feito por Jesus na cruz", pontua.
3.012 municípios brasileiros não possuem trechos de ruas sinalizados para a circulação de ciclistas, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (17). Ciclovia na orla de Ipanema
Raoni Alves / g1 Rio
Mais da metade dos municípios brasileiros não possui trechos de ruas sinalizados para a circulação de bicicletas, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São 3.012 municípios sem sinalizações para ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas, representando 54,1% do total de municípios do país.
No Brasil, apenas 1,9% da população vive em trechos de ruas sinalizados para bicicletas, percentual que o IBGE considerou baixo, confirmando que a infraestrutura das vias no país ainda é direcionada para veículos automotores.
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Veja os dados:
Apenas 1,9% dos moradores brasileiros residem em trechos de ruas sinalizados para bicicletas;
Em 3.012 municípios, não foram identificadas sinalizações para ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas. Isso representa 54,1% do total de municípios do país;
Santa Catarina (5,2%), Distrito Federal (4,1%), Ceará (3,2%) e Amapá (3,1%) são os estados com maior proporção de moradores em trechos de ruas com sinalização para bicicletas;
Por outro lado, Amazonas e Maranhão (0,5%), Tocantins (0,6%), e Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Alagoas (0,9%) são os que apresentam as proporções mais baixas;
Florianópolis (7,1%), Fortaleza (5,5%) e Belém (4,6%) são as capitais com maior proporção de pessoas residindo em trechos de ruas sinalizados para bicicletas.
Sant’Ana do Livramento (RS), Parintins (AM), Cametá (PA) e Jaú (SP) são as concentrações urbanas que não têm moradores com acesso a vias com sinalização de bicicletas.
As informações são da pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, realizada com base no Censo Demográfico de 2022. O levantamento avalia as condições das vias onde vive a população brasileira.
O IBGE analisou 63.104.296 domicílios (66% do total), localizados em setores urbanos ou em setores rurais com características urbanas. Ao todo, foram consideradas as áreas onde moram 174.162.485 brasileiros — o equivalente a 86% da população.
Foram analisadas condições de infraestrutura urbana, como iluminação, pavimentação, transporte, calçadas, acessibilidade e sinalização.
Poucas vias para bicicletas
O IBGE considerou ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas, incluindo temporárias para lazer, no levantamento. Também foram consideradas sinalização vertical ou horizontal na pista de rolamento ou em calçadas compartilhadas.
De acordo com o Censo, a sinalização nos trechos de vias para bicicletas é importante em função da segurança, e que boas sinalizações e infraestruturas encorajam mais pessoas a optarem pela bicicleta como meio de transporte, contribuindo para a sustentabilidade e redução de poluição, além de melhorar o tráfego nas vias urbanas.
O levantamento afirma que a proporção de moradores em trechos de vias com sinalização para bicicletas é baixa em todas as categorias de hierarquia urbana, atingindo o maior percentual nas metrópoles (2,8%), caindo gradativamente os centros locais (0,5%), considerado o menor nível hierárquico.
O Censo 2022 afirma que, dentre as concentrações urbanas, os maiores percentuais de pessoas residindo em trechos de vias sinalizadas para bicicletas estão na Região Sul, liderado pela cidades de Joinville (11,2%), Jaraguá do Sul (9,8%) e Itajaí -Balneário Camboriú (7,2%), em SC.
Neste ranking aparecem as capitais Florianópolis (7,1%), Fortaleza (5,5%) e Belém (4,6%).
Sant’Ana do Livramento (RS), Parintins (AM), Cametá (PA) e Jaú (SP) são as concentrações urbanas que não têm moradores com acesso a vias com sinalização de bicicletas.
59 milhões de pessoas vivem em trechos de ruas sem árvores, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta quinta-feira (17). O estado com o menor percentual de vias arborizadas no Brasil é Sergipe, com 39%. Rua arborizada em Araraquara, no interior de São Paulo.
Amanda Rocha/Arquivo pessoal
O Brasil tem 34% da população — o equivalente a 59 milhões de pessoas — vivendo em vias sem nenhuma árvore, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, quase 115 milhões de habitantes (66% do total), residem em trechos de ruas arborizadas.
Entre essas vias arborizadas, 36 milhões de pessoas (20,4%) vivem em locais com até duas árvores, 23,5 milhões (13,5%) em vias com três ou quatro árvores, e 56 milhões (32,1%) em vias com cinco árvores ou mais.
Trechos distintos de uma mesma rua são tratados de forma diferente. Assim, se uma pessoa mora em um trecho que tem árvore, o IBGE considera que ele mora em um trecho arborizado. Se outra mora em um trecho que não tem árvore, é considerada que ele mora em um trecho sem árvore.
As informações são da pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, realizada com base no Censo Demográfico de 2022. O levantamento avalia as condições das vias onde vive a população brasileira.
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O IBGE analisou 63.104.296 domicílios (69,5% do total), localizados em setores urbanos ou em setores rurais com características urbanas. Ao todo, foram consideradas as áreas onde moram 174.162.485 brasileiros — o equivalente a 86% da população.
Foram analisadas condições de infraestrutura urbana, como iluminação, arborização, pavimentação, transporte, calçadas, acessibilidade e sinalização.
Estados mais e menos arborizados
O estado com o menor percentual de vias arborizadas no Brasil é Sergipe, com 38,5%. Já o Mato Grosso do Sul é o com o maior percentual de moradores que vivem em trechos de ruas com árvores, com 92,5%. Em seguida vem o Distrito Federal (84,2%) e o Paraná (82,6%).
Dois estados amazônicos estão entre os estados que têm o menor percentual de moradores que vivem em vias arborizadas: Amazonas tem 44,6% e o Acre, 42%.
A densidade da arborização segue o padrão dos percentuais de moradores de trechos de ruas com árvores. O Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal têm, respectivamente, 59% e 56,4% dos moradores vivendo em trechos de ruas com 5 ou mais árvores.
O mesmo acontece no extremo oposto. O Acre tem densidade de 10,7% de trechos de trechos de ruas com cinco ou mais árvores e o Amazonas, 13,7%.
Entre as 10 cidades com maior percentual de trechos de trechos de ruas arborizadas, seis estão no estado de São Paulo, três no Paraná e uma no Mato Grosso do Sul.
Concentração Urbana – Maiores percentuais (%)
Já entre as dez concentrações urbanas com menos trechos de ruas arborizadas, quatro estão em Santa Catarina, duas em Minas Gerais, e uma na Bahia, Maranhão, Pará e Pernambuco.
Concentração Urbana – Menores percentuais (%)
Iluminação pública
Iluminação pública em Jaraguá do Sul
Divulgação | PMJS
De acordo com a pesquisa, 169,7 milhões dos brasileiros — equivalente a 97,5% — vivem em trechos de ruas que têm iluminação pública.
Todos os estados têm mais de 90% dos seus moradores vivendo nessas condições, com exceção de um: Amapá, onde o percentual de brasileiros com iluminação pública em suas ruas é de 88,5%.
Há 51 cidades com menos de 80% de moradores em trechos de ruas com iluminação pública. Essas cidades representam 0,9% de todos os municípios pesquisados.
Mesmo com o avanço no número de brasileiros que vivem em ruas com calçadas, a qualidade desses espaços ainda é um desafio. Segundo dados do Censo 2022, apenas 18,8% da população que vive em áreas com calçadas reside em vias livres de obstáculos.
Em todo o país, apenas 238 municípios apresentaram mais da metade da população morando em ruas com calçadas livres. É o caso, por exemplo, de Santos (65%), Araçatuba (57%) e Ribeirão Preto (51,4%), todos no estado de São Paulo.
Os piores índices estão nos estados do Piauí (6%), Maranhão (5%) e Acre (6%). Já o estado com melhor desempenho é o Rio Grande do Sul, onde 28,7% da população vive em vias com calçadas sem barreiras.
De acordo com o IBGE, a presença de obstáculos pode representar um risco à circulação de pedestres, especialmente para idosos, pessoas com deficiência, gestantes e crianças, comprometendo a acessibilidade e aumentando as chances de acidentes.
A pesquisa considerou como obstáculos os elementos permanentes que restringem a passagem em menos de 80 cm, como vegetação, mobiliário urbano, buracos, desníveis, calçadas quebradas e entradas irregulares para estacionamento. A análise foi feita apenas em ruas com calçadas ou passeios. É a primeira vez que o IBGE coleta informações sobre a qualidade das calçadas no país.