Uma Variação do @Canalnoticiasglobo focada em Economia, Mercados e Finanças
População vive em ruas pavimentadas e iluminadas, com calçadas, mas sem rampas e ciclovias, mostra levantamento do IBGE divulgado nesta quinta-feira (17). Rua sem calçada em Marília, no interior de SP.
Reprodução/Ministério Público
O Brasil tem 16% da população — o equivalente a 27 milhões de pessoas — vivendo em ruas sem calçadas, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em comparação com 2010, entretanto, houve avanço na presença de calçadas nas ruas. Em 2022, 146,4 milhões de brasileiros (84%) viviam em vias com calçadas, contra 102 milhões (66%) registrados em 2010.
Saiba mais:
INFOGRÁFICO: A rua do brasileiro
33,7% dos brasileiros vivem em vias sem nenhuma árvore, aponta IBGE
Censo 2022: mais da metade das cidades não tem nenhuma via para bicicletas, diz IBGE
As informações são da pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, realizada com base no Censo Demográfico de 2022. O levantamento avalia as condições das vias onde vive a população brasileira.
O IBGE analisou 63.104.296 domicílios (66% do total), localizados em setores urbanos ou em setores rurais com características urbanas. Ao todo, foram consideradas as áreas onde moram 174.162.485 brasileiros — o equivalente a 86% da população.
Foram analisadas condições de infraestrutura urbana, como iluminação, pavimentação, transporte, calçadas, acessibilidade e sinalização.
Cinco dos dez estados com maiores percentuais de vias com calçadas estão na Região Nordeste: Sergipe (90%), Rio Grande do Norte (87%), Alagoas (85,6%), Paraíba (85%) e Ceará (85%). O estado com menor índice de calçadas é o Amapá, com 57%. O Distrito Federal foi o com maior índice; 93%.
Entre os municípios, apenas 253 têm menos de 40% da população residindo em vias com calçadas ou passeios, representando 4,5% do total de municípios do país.
Em Afuá (PA), por exemplo, apenas 0,9% da população vive em ruas com calçada. Segundo Maikon Roberth de Noves, pesquisador do IBGE, a cidade tem uma configuração urbana diferenciada, formada por pontes e passarelas. “O município não tem necessidade de calçadas, porque não há veículos motorizados. Todo o transporte é feito por bicicletas e pedestres”, explica.
Já em cidades do interior de São Paulo, como Buritizal, São Francisco e Dolcinópolis, o índice chega a 100%.
Segundo o instituto, a presença de calçadas é importante para garantir mais segurança e conforto aos pedestres, contribuir para um espaço urbano mais inclusivo e acessível, favorecendo modos de transporte sustentáveis e melhorando a saúde e a qualidade de vida da população.
Rampas para cadeirantes ainda são exceção
Calçada com rampa para cadeirantes na Av André Araújo em Manaus
Google Maps
As rampas de acesso para cadeirantes ainda estão longe de ser uma realidade nas vias públicas do país.
Segundo dados do Censo 2022, apenas 15% da população pesquisada (26,5 milhões de pessoas) vivem em ruas com acesso para cadeirantes. Em 2010, esse número era ainda menor: 6 milhões de pessoas, o que correspondia a 4%.
Isso significa que 119,9 milhões de pessoas (68,8%) moram em vias sem rampa.
Em 1.864 municípios (33% do total), menos de 5% da população vive em ruas com rampas. Já em 157 municípios (3%), não há qualquer morador em vias com esse tipo de estrutura.
Entre as cidades com melhor acessibilidade estão Maringá, Toledo e Cascavel, todas cidades localizadas no Paraná.
Essas estruturas são essenciais para garantir acessibilidade e mobilidade urbana segura, conforme determina a Lei nº 10.098, conhecida como Lei da Acessibilidade. A legislação estabelece que o planejamento e a urbanização das vias públicas devem ser feitas para atender a todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Só 19% vivem em ruas com calçadas sem obstáculos
"O Fed está esperando para ver como as coisas vão se desenrolar antes de tomar qualquer tipo de medida em relação às taxas [de juros]", declarou o chefe do Federal Reserve nesta quarta.
Na segunda-feira, o diretor do Fed Christopher Waller já havia falado sobre o assunto, afirmando que a política tarifária de Trump é "um dos maiores choques a afetar a economia dos EUA em muitas décadas".
Todo esse cenário tende a afetar a dinâmica do comércio global. A questão para a economia global é que o aumento de tarifas traz as seguintes consequências:
➡️ As tensões crescentes entre os países, principalmente China e EUA, elevam as incertezas globais com o futuro da economia.
➡️ Mais tarifas tornam os produtos que chegam aos países mais caros, o que contribui para um aumento da inflação.
➡️ Com os preços altos, o mercado teme que aconteça uma redução nos níveis de consumo da população, além de uma queda no comércio internacional.
➡️ Esse cenário nas maiores economias do mundo eleva os temores por um período de recessão global.
Neste contexto do tarifaço, o governo americano segue negociando com diversos países para conseguir melhores condições comerciais e reduzir as tarifas.
Nesta quinta, Trump publicou na sua plataforma na rede Truth Social que teve uma "ligação produtiva" com a presidente do México na quarta e que também teve um encontro com representantes comerciais "do mais alto nível" do Japão.
"Todas as nações, incluindo a China, querem se reunir. Hoje, (é a vez da) Itália!", publicou Trump.
Dólar abre em alta, com mercado de olho em Trump e Powell
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/17/dolar-ibovespa.ghtml
A afirmação de Trump vem apenas um dia depois de Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano. O Fed, banco central dos EUA, tem independência do governo para tomar suas decisões. Presidente dos EUA, Donald Trump
Reuters/Kevin Lamarque
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (17) que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está "sempre muito atrasado e errado" em relação a condução da política de juros no país.
A afirmação de Trump vem apenas um dia depois de Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano.
Nesta quarta (16), Powell afirmou que o patamar das tarifas anunciadas por Trump é muito maior do que o Fed esperava, mesmo nos cenários "mais extremos".
O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho da instituição, que toma suas decisões sempre guiada pelo objetivo de controlar a inflação, ao mesmo tempo que fortalece o mercado de trabalho.
O que são as Treasuries e como Trump está ameaçando o status de ‘investimento mais seguro do mundo’
Trump ainda reclamou do tempo que falta para que o mandato de Powell a frente do Fed seja concluído, dizendo que esse momento "não chega rápido o suficiente". Os mandatos de presidente e vice do Fed têm duração de quatro anos. Powell deve deixar o cargo somente daqui um ano, em maio de 2026.
O Fed é uma instituição independente e o governo do país não pode interferir nas decisões sobre o rumo dos juros, o que evita o uso das taxas de juros para aquecer a economia em um momento em que a inflação está acelerada.
As taxas de juros nos EUA estão, atualmente, entre 4,25% e 4,50% ao ano — um patamar alto para os padrões de juros do país — e Trump já criticou essa política monetária em diversas ocasiões, desejando o corte dos juros.
🔎 Isso porque juros altos são uma ferramenta para controlar a inflação, já que encarecem a tomada de crédito pela população e pelas empresas e, assim, impacta os níveis de consumo e investimentos da economia, reduzindo a pressão sobre os preços.
⚠️ No entanto, com menor consumo, a atividade econômica tende a desacelerar, afetando o crescimento da economia do país.
Miriam Leitão: Trump acena para setores e China segue com retaliação
Mas a visão de Powell, que é a mesma da maioria dos especialistas e investidores do mercado financeiro, é que a política tarifária de Trump pode, justamente, elevar a inflação, ao mesmo tempo em que provoca uma recessão econômica.
Tarifas maiores sobre os insumos e produtos que chegam ao país encarecem os processos de diversas cadeias produtivas e os preços tendem a ser repassados para o consumidor final, gerando mais inflação.
Ao mesmo tempo, a inflação alta diminui o poder de compra da população, que pode passar a consumir menos, provocando a desaceleração da atividade.
No discurso desta terça, Powell disse que "apesar da maior incerteza e dos riscos de baixa, a economia dos EUA ainda está em uma posição sólida", mas ponderou que "os dados disponíveis até agora sugerem que o crescimento desacelerou no primeiro trimestre em relação ao ritmo sólido do ano passado."
Powell também indicou que, diante das incertezas com o tarifaço de Trump, o Fed poderá manter a taxa básica de juros do país estável na próxima reunião (nos dias 6 e 7 de maio), enquanto aguarda "maior clareza antes de considerar quaisquer ajustes".
"O Fed está esperando para ver como as coisas vão se desenrolar antes de tomar qualquer tipo de medida em relação às taxas [de juros]", declarou Powell.
"Vamos ver se a inflação será temporária ou um evento pontual, para observar por quanto tempo essas tarifas vão durar e se haverá ou não algum tipo de mudança nelas", acrescentou.
A visão de Trump é diferente. Segundo o presidente, a inflação está recuando nos EUA, ao passo que o país está ficando "rico com as tarifas".
Veja o que Trump falou na íntegra:
Para acalmar oposição, governo estuda turbinar programa habitacional para policiais criado por Bolsonaro
https://g1.globo.com/politica/blog/gerson-camarotti/post/2025/04/17/para-acalmar-oposicao-governo-estuda-turbinar-programa-habitacional-para-policiais-criado-por-bolsonaro.ghtml
Na tentativa de acalmar a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões da PEC da Segurança Pública, o Ministério da Justiça passou a discutir ressuscitar um outro programa.
Técnicos da pasta concluíram nesta semana um projeto de lei que amplia o programa Habite Seguro, criado no governo Jair Bolsonaro para subsidiar a compra da casa própria para policiais e agentes de segurança.
O Habite Seguro foi lançado em 2022 e prevê condições especiais de financiamento imobiliário para essas categorias.
O Ministério da Justiça, hoje comandado por Ricardo Lewandowski, quer ampliar o número de beneficiários e facilitar os criterios para a participação no programa.
Entenda os Principais Pontos da PEC da Segurança
Nos bastidores, a proposta está sendo vista como uma "contrapartida" para a PEC da Segurança – que o governo elabora desde o ano passado, mas ainda não enviou ao Congresso Nacional.
As alterações previstas na PEC incluem uma maior participação da União no combate à violência. A proposta vem sendo mal recebida por parte do Congresso e sofre, também, resistência de diversos governadores.
Com o Habite Seguro "turbinado", o governo espera acalmar as críticas e disputar o protagonismo na pauta da segurança pública – considerada prioridade máxima pela população, segundo pesquisa Quaest do início do mês.
A articulação política do governo avalia que partidos de direita se apropriaram do tema, e que é preciso reagir.
O texto do novo projeto foi encaminhado internamente para os ministérios mais próximos a Lula – e ainda não tem data paraser protocolado no Congresso.
'Governo federal não quer intervir nos estados', diz Lewandowski sobre PEC da Segurança
Entenda como vai funcionar a nova tarifa grátis de energia proposta pelo governo
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/17/entenda-como-vai-funcionar-a-nova-tarifa-gratis-de-energia-proposta-pelo-governo.ghtml
Projeto em estudo pode beneficiar até 60 milhões de brasileiros – parte deles, com a gratuidade total. Custo da medida, de R$ 4,45 bilhões, será dividido entre os demais consumidores. O Ministério de Minas e Energia quer aumentar o número de beneficiários da tarifa social de energia elétrica – que concede isenção ou descontos na conta de luz.
A ideia é que a medida alcance 60 milhões de brasileiros.
A proposta de projeto de lei foi enviada à Casa Civil na quarta-feira (16) e pode sofrer alterações até ser encaminhada ao Congresso Nacional.
O g1 teve acesso à versão atual do texto. Nela, o ministério propõe isentar os consumidores inscritos no CadÚnico e com consumo até 80 quilowatts-hora (kWh) por mês.
Nesta reportagem, você vai saber:
Como vai funcionar a nova tarifa social?
Como vai funcionar o desconto social?
Como funciona a tarifa social hoje?
Que resultados o governo pretende alcançar?
Quanto o projeto vai custar?
Conta de luz deve ficar mais cara em Maio
Como vai funcionar a nova tarifa social?
💡 A medida vai dar desconto integral na conta de luz para os seguintes consumidores que tenham consumo de até 80 kWh por mês:
famílias inscritas no CadÚnico com renda mensal de até meio salário mínimo per capita;
pessoas com deficiência ou idosos inscritos no Benefício de Prestação Continuada (BPC);
famílias indígenas ou quilombolas do CadÚnico;
famílias do CadÚnico atendidas em sistemas isolados -- que não têm conexão com o sistema interligado nacional.
💡 Se o consumo for maior que 80 kWh, o consumidor só vai pagar o que ultrapassar o limite estabelecido.
💡 Ou seja: se uma família que esteja dentro das condições da tarifa social consuma 86 kWh em um determinado mês, só pagará a tarifa para os 6 kWh que ultrapassa o limite de 80 kWh.
Como vai funcionar o desconto social?
O governo também pretende criar um desconto social para famílias com renda entre meio salário mínimo e um salário mínimo por pessoa e consumo de até 120 kWh por mês.
💡 Esse grupo terá isenção do pagamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que custeia os subsídios do setor elétrico.
💡 A CDE representa cerca de 12% da conta de luz. Ou seja, o desconto para as famílias beneficiárias será nessa proporção.
Ar-condicionado pode custar quase 7 vezes mais que ventilador na conta de luz
Como funciona a tarifa social hoje?
Atualmente, a tarifa social abate até 65% da conta de luz das famílias de baixa renda ou até 100% das famílias quilombolas ou indígenas.
O benefício é destinado às famílias inscritas no CadÚnico com consumo de até 220 quilowatts-hora, sendo que o maior desconto (65%) é dado na faixa de consumo de 0 a 30 kWh.
No caso de indígenas ou quilombolas, há isenção na faixa de consumo de até 50 kWh.
Que resultados o governo pretende alcançar?
Na quarta-feira (16), ao apresentar a medida a jornalistas, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chamou a iniciativa de "justiça tarifária".
O governo incluiu a iniciativa na chamada "reestruturação do setor elétrico", que prevê também:
a abertura do mercado para que todos os consumidores escolham os seus fornecedores de energia;
o rateio de custos entre consumidores livres e regulados (que compram energia das distribuidoras locais).
Para a nova tarifa social, a pasta estima um total de 60 milhões de beneficiários – dos quais 16 milhões terão a tarifa de energia zerada.
O Ministério de Minas e Energia também cita benefícios como redução do furto de energia, os chamados "gatos", e dos custos operacionais por inadimplência.
Já o desconto social deve beneficiar cerca de 21 milhões de famílias, com a redução de 12% nas contas de luz. O governo calcula que, desse total, 8,5 milhões de famílias já estejam no CadÚnico.
Quanto o projeto vai custar?
Mais cedo, a administração de Trump divulgou um comunicado que apontava 245% de tarifas para o país asiático. Documento foi atualizado para esclarecer que a taxa será aplicada sobre produtos específicos. Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim
Tingshu Wang/Reuters
A China disse que "não dará atenção", caso os Estados Unidos continuem com o “jogo numérico das tarifas”, nesta quinta-feira (17), pelo horário local - noite da quarta (16), no horário de Brasília. A informação é da agência de notícias Reuters.
O pronunciamento do Ministério das Relações Exteriores chinês foi em resposta ao comunicado da Casa Branca que apontava tarifas de até 245% como resultado das "ações retaliatórias" do país asiático.
O documento foi divulgado nesta quarta (16) e atualizado posteriormente para esclarecer que a taxa será aplicada sobre produtos específicos.
Documento atualizado
A nova versão publicada explica com mais detalhes o que o documento quis dizer ao "aumentar" novamente o valor das tarifas.
"A China enfrenta uma tarifa de até 245% sobre importações para os Estados Unidos como resultado de suas ações retaliatórias. Isso inclui uma tarifa recíproca de 125%, uma tarifa de 20% para abordar a crise do fentanil e tarifas da Seção 301 sobre bens específicos, entre 7,5% e 100%", diz o texto atualizado.
🔎 A Seção 301, da Lei de Comércio, foi projetada para abordar práticas estrangeiras injustas que afetam o comércio dos EUA e pode ser usada para responder a atos, políticas e práticas de governos estrangeiros que sejam "irracionais ou discriminatórios e que onerem ou restrinjam o comércio dos EUA", segundo o Departamento de Comércio dos EUA.
Na investigação da Seção 301, os EUA apuraram "práticas desleais" da China relacionadas à transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação.
A atenção está em setores estratégicos para os asiáticos, como tecnologia da informação, fabricação de máquinas automatizadas e robótica, veículos de nova energia (NEVs), equipamento de aviação e voo espacial, entre outros.
No restante do texto, a Casa Branca detalha as principais decisões da política econômica e comercial do presidente Donald Trump e classifica as tarifas como uma forma de "nivelar o campo de atuação e proteger a segurança nacional dos EUA".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, respondeu ao questionamento de jornalistas locais sobre as tarifas de 245% afirmando que "podem perguntar ao lado americano o valor específico das tarifas" e que a China deve manter sua posição, segundo o jornal estatal chinês Global Times.
Em 2 de abril, no que Trump chamou de "Liberation Day" (ou "Dia da Libertação"), o governo americano impôs uma tarifa de 10% sobre mais de 180 países, além de individualizar tarifas recíprocas para os países com os quais os EUA têm os maiores déficits comerciais. As taxas chegaram a até 50%.
Desde então, segundo a Casa Branca, mais de 75 países já procuraram os EUA para discutir novos acordos comerciais e reduzir as tarifas.
Para dar mais tempo para as negociações andarem, Trump anunciou uma "pausa" nas tarifas recíprocas individualizadas em 9 de abril, mantendo apenas as taxas de 10% sobre todos os países por 90 dias.
A exceção foi a China, que não procurou os EUA para negociar e retaliou o país, aumentando também as alíquotas das tarifas cobradas sobre as importações americanas.
China proíbe entrega de jatos da Boing em reação ao tarifaço de Trump
Entenda a guerra tarifária entre China e EUA
China e EUA
Associated Press
A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na semana passada, após o anúncio das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente americano, Donald Trump.
No dia 2 de abril, Trump detalhou a tabela das tarifas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas sobre mais de 180 países.
Mega-Sena, concurso 2.852: prêmio acumula e vai a R$ 45 milhões
https://g1.globo.com/loterias/mega-sena/noticia/2025/04/12/mega-sena-concurso-2852-resultado.ghtml
Trump isenta eletrônicos de novas tarifas e alivia impacto para consumidores e gigantes da tecnologia
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/12/trump-isenta-celulares-e-computadores-de-tarifas-reciprocas.ghtml
Segundo a pesquisadora, em 2024, os custos dos principais insumos da atividade, como milho e farelo de soja, aumentaram, enquanto a queda nos preços dos ovos comprometeu a rentabilidade dos produtores. Sem falar da necessidade de investir em espaços climatizados.
"Além disso, outros custos, como embalagens, também pressionaram a cadeia produtiva. Diante desse cenário desafiador no ano passado, os produtores enfrentaram margens reduzidas. Agora, em 2025, com uma menor disponibilidade de ovos, foi possível repassar esses reajustes de forma mais intensa para as cotações", analisou.
Ovos ficam mais caros em fevereiro
Reprodução/EPTV
🐔Galinha bota menos no calor
A zootecnista Gisele Neri, consultada pela EPTV, afiliada da Globo para Piracicaba e região, explica que quando a galinha começa a sentir calor, a produtividade do animal diminui.
"A galinha bota menos ovo com o calor e o ovo que bota tem menos qualidade, inclusive devido a questões metabólicas. A casca do ovo fica mais fina. Com isso, o produto se quebra mais facilmente durante o manuseio e transporte. O produtor, na granja, já começa perdendo mais ovos", ressalta.
🌽Insumos mais caros
Além disso, os insumos também estão mais caros, o que também reflete nos custos ao produtor. "A base da alimentação da galinha é o milho e o farelo de soja", aponta a zootecnista.
Segundo dados do Cepea, a cotação do milho ficou aumentou em 12% em fevereiro, na comparação com o mês anterior, fechando em R$ 83,62.
Calor afeta produção em granjas e preço do ovo cresce
Primeira semana de fevereiro
Os preços dos ovos já tinham altas no mercado doméstico no início de fevereiro de 2025. Na região de Bastos (SP) e na Grande São Paulo, as cotações tiveram altas de até 8,2% no último dia 7, de acordo com relatório do Cepea.
🥚O preço comercial da caixa com 30 dúzias de ovos ultrapassou os R$ 235 em algumas regiões produtoras. Confira tabela, abaixo, na reportagem.
No início do mês, o avanço nas cotações esteve atrelado ao aumento gradual da demanda pela proteína e à oferta limitada. A procura deverá de manter aquecida, segundo a instituição, devido ao período de pagamento dos salários e retorno às aulas escolares.
“As elevações nos primeiros dias de fevereiro já superam as observadas no primeiro mês de 2025. De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, há relatos de dificuldades para atender à demanda de clientes regulares em diversas regiões, enquanto a busca por novos compradores também tem aumentado”, aponta o Centro de Estudos da Esalq-USP.
Preço dos ovos dispara: entenda a crise que atinge o Brasil e os EUA
Getty Images via BBC
📈Veja, abaixo, valores nas regiões consultadas pelo Cepea:
Preço Ovos comercias/ Caixa com 30 dúzias
Os preços dos ovos começaram o ano queda, conforme apontaram levantamentos do Cepea. Segundo o Centro de Pesquisas, as baixas no início de janeiro foram resultado da combinação de enfraquecimento da demanda e aumento nos estoques. Mas, a partir do dia 24, o cenário mudou.
Fim de janeiro
O ritmo de vendas já estava aquecido no mercado doméstico na última semana de janeiro, quando os preços do ovos registraram alta de até 20% nas praças produtoras acompanhadas pelo Cepea. - 👇Leia mais, abaixo. A disponibilidade da proteína está mais controlada como reflexo da demanda no atacado e varejo.
Granjas se preparam para aproveitar aumento da procura por ovos na quaresma
No dia 24 de janeiro, as cotações da caixa de ovos comercias vermelhos com 30 dúzias ultrapassaram os R$ 183 no Espírito Santo. Na região de Bastos (SP), alcançou R$ 171 os ovos vermelhos e os brancos R$ 149.
A combinação de oferta restrita e demanda aquecida explica o cenário de elevação nas cotações. Produtores e distribuidores chegam a enfrentarem dificuldades para atender a todos os pedidos, segundo informações do relatório do Cepea.
Gripe aviária nos EUA reflete aumento de quase 100% nas exportações brasileiras de ovos mesmo com tarifaço, aponta USP
https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/04/12/gripe-aviaria-nos-eua-reflete-aumento-de-quase-100percent-nas-exportacoes-brasileiras-de-ovos-mesmo-com-tarifaco-aponta-usp.ghtml
O mais comum é que a empresa autuada pague os direitos trabalhistas do flagrante pontual, faça um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a não mais contratar esse tipo de mão de obra e então encerrar o caso.
Não é raro, inclusive, que continue sendo contratada pelo poder público logo depois de uma fiscalização constatar o uso de mão de obra em condição degradante.
O TAC é também uma forma de proteger os trabalhadores, garantir que sejam pagos e exigir algum tipo de regularização da empresa autuada.
Com isso, o que acontece, na prática é um jogo de empurra, em que envolvidos na cadeia de produção evitam se responsabilizar por fiscalizar as condições dos trabalhadores que produzem as pedras.
Os gerentes das pedreiras, que frequentemente nem sequer são donos do terreno e que operam empreendimentos informais, sem um CNPJ, negam qualquer responsabilidade pelos trabalhadores e os consideram apenas como prestadores de serviço independentes.
Já as construtoras dizem, quando flagradas, serem apenas clientes das pedreiras e que não têm qualquer relação com o que acontece no local.
As prefeituras dizem que, se não houver uma condenação judicial, não há impedimento legal para a contratação.
Políticos que mandam os recursos por meio de emendas, por sua vez, dizem que não possuem qualquer ingerência sobre como ou com quem o dinheiro será usado.
O auditor fiscal do trabalho e pesquisador Mauricio Krepsky
Ministério do Trabalho e Emprego/Divulgação
Um artigo publicado pelo auditor-fiscal do trabalho e pesquisador Maurício Krepsky e pela professora da UFMG Lívia Miraglia em 2024 apontou quão difícil é obter uma condenação judicial que impeça empresas de conseguir contratos públicos após serem flagradas com trabalho escravo.
Ao analisar dados de relatórios de fiscalização entre 2019 e 2021, constataram que apenas 5% dos casos levaram a uma ação civil pública, que poderia resultar em condenação judicial.
A dupla argumenta que a melhor forma de coibir a participação dessas empresas em licitações seria impedir a contratação daquelas que estiverem na Lista Suja mantida pelo Estado, ou seja, já com base na decisão administrativa. A inclusão na lista, hoje, não é impedimento para participar de certames públicos.
"É muito difícil responsabilizar a empresa que está lá na ponta. A maioria das empresas terceiriza a produção. É um trabalho de formiguinha achar (o responsável)", diz Miraglia, que também é pós-doutora em direito e coordenadora da Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas na UFMG.
"É um crime que compensa. É mais provável que trabalhadores sejam presos por crime de furto do que um empregador por escravizar pessoas."
Lívia Miraglia, pós-doutora em direito e coordenadora da Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas, na UFMG
Fernanda Mello/Divulgação/Arquivo pessoal
Como identificamos a relação entre pedreiras e obras públicas de pavimentação
Desde 2020 o governo federal passou a disponibilizar, em seu site, uma relação de relatórios de fiscalização por trabalho análogo à escravidão. Os documentos são atualizados sem uma periodicidade definida e existem alguns anos cujos relatórios não foram divulgados.
A BBC News Brasil baixou e arquivou em um só repositório todos os autos de infração presentes na página - cerca de 2,8 mil documentos – e então os hospedou em uma ferramenta chamada Google Pinpoint. O Pinpoint permitiu fazer buscas textuais em todos os arquivos ao mesmo tempo.
Após criar o repositório, foram feitas buscas por palavras-chave relacionadas a pedreiras, até chegar somente aos casos relacionados à pavimentação. Estes autos foram lidos individualmente em busca de menções a empresas ou qualquer evidência de negócios com o poder público.
Também foram usadas outras fontes de informação, como o Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão, mais conhecido como Lista Suja, e documentos obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
Quando um trabalhador é resgatado de condições análogas à escravidão, o primeiro passo é afastá-lo imediatamente do serviço e calcular os direitos trabalhistas devidos pelos ex-empregadores. Em seguida, emitir o seguro-desemprego específico que ele passa a ter direito, no valor de um salário-mínimo, por três meses.
O período pós-resgate é um desafio para as autoridades. Sem alternativas para se sustentar, parte dos trabalhadores acaba retornando ao mesmo empregador ou buscando outros em condições similares.
A BBC News Brasil acompanhou em março o processo pós-resgate de um grupo de trabalhadores de uma pedreira, em um prédio do Ministério Público do Trabalho em Campina Grande (PB).
Logo na entrada do prédio havia um protesto: pessoas que reclamavam que a ação do MTE paralisaria as atividades de outras pedreiras na região, com medo de que outras operações pudessem acontecer.
Dentre os presentes estavam representantes de pedreiras, vereadores da região e cortadores de pedra. O grupo foi recebido por uma procuradora do trabalho, que explicou que o objetivo das autoridades não era prejudicar ninguém, mas sim regularizar as condições de trabalho.
Um dos cortadores, que trabalhava em uma pedreira vizinha à do resgate e que pediu para não ser identificado, disse à reportagem que "só queria continuar a trabalhar", embora reconhecesse que suas condições de trabalho eram ruins. Um colega que o acompanhava dizia que não concorda com o termo "escravo". "Ninguém ia por obrigação, a gente vai porque quer e porque precisa".
Mesmo entre os resgatados o discurso sobre permanecer no mesmo ofício se mantinha. "Eu só sei fazer isso e vou continuar", disse um deles.
"No fim das contas há um ciclo de exploração da miséria dessas pessoas", diz a auditora fiscal do trabalho Gislene Stacholski. "Infelizmente alguns voltam por falta de opção".
Representante de construtora diz que clientes não cobram informação sobre origem das pedras
Pedreira desativada em Taperoá, na Paraíba. Este local era usado para descanso e preparo de refeição dos trabalhadores
Vitor Serrano/BBC News Brasil
Jorge Ramos, representante da Construtora Realizar, que comprou pedras de uma pedreira flagrada com trabalho escravo contemporâneo em Taperoá, na Paraíba, alega que só as multas não resolvem o problema e que toda a cadeia de produção deveria ser responsabilizada.
"Deveria vir de cima pra baixo, não de baixo para cima. Se você tem um contrato vinculado com município, Estado ou governo federal, e todas essas entidades estão cientes que, para execução de vias com paralelepípedos, vai ter retirada na pedreira, por que isso não é fiscalizado? Se tem a demanda, vai continuar tendo, não tem como. Vai continuar existindo".
Para ele, os preços praticados neste mercado são "horríveis" e quem acaba pagando por isso é o trabalhador. "É realmente algo duro de se ver (o trabalho em pedreiras). A empresa não concorda com esse tipo de situação, mas infelizmente é a situação que a região tem como disponível. Nós temos onde adquirir pedra de forma correta, mas quando falta, procuramos outros locais", diz ele, que afirma haver também o uso de "atravessadores" neste mercado, que levam as pedras diretamente para as obras.
"Não sei nem de onde vem. A gente quer o produto. E não tem exigência, por parte do ente contratante, [para saber] de onde vem, a finalidade. Não nos é cobrado isso."
'O próximo passo é responsabilizar também as prefeituras e os órgãos públicos que contratam as obras'
A auditora fiscal do trabalho Gislene Stacholski, que é coordenadora do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM)
Vitor Serrano/BBC News Brasil
Especialistas ouvidos pela reportagem suspeitam que o principal destino do material são as obras públicas — tese reforçada pelos dados e documentos agora organizados pela BBC News Brasil — e que praticamente todos esses fornecedores atuam de forma irregular.
Em nota, o governo do Estado disse que não possuía informações detalhadas sobre a origem dos materiais utilizados pelas empresas no momento da celebração do contrato, mas que tem intensificado as medidas de controle sobre as empresas, entidades e instituições contratadas, "visando a aumentar a segurança e a transparência na entrega de produtos e na execução de serviços."
Afirmou ainda, sobre o caso em Regeneração, que "os critérios de seleção dos fornecedores de bens e serviços do Estado são objetivos e impessoais, ou seja, independem de grau de parentescos, em estrita consonância com a lei geral de licitações."
Por fim, informou que quando a empresa é habilitada a participar do certame, a administração estadual "não tem poder legal para vetar sua participação, em cumprimento aos princípios da legalidade e impessoalidade."
Eduardo Filho disse, por telefone, que "foi tudo esclarecido e não há nada de trabalho escravo, longe disso" e então pediu que a entrevista acontecesse em outro horário, pois estava dirigindo. Depois, não atendeu mais às ligações.
O prefeito Eduardo Carvalho, o Seu Dua, não respondeu aos pedidos de entrevista.
Construtora com mais de 60 contratos com Estado comprou de pedreira flagrada com trabalho escravo; sócio vira réu
Outra ação no Piauí, também de 2023, identificou que sete trabalhadores de uma pedreira dormiam em um alojamento improvisado e ganhavam de acordo com a quantidade de pedras que produzissem. O caso também foi enquadrado como análogo à escravidão pelo MTE.
Os fiscais identificaram que pedras lá produzidas foram compradas por uma conhecida construtora no Estado, a Construtora Renata.
O relatório afirma que "todos os trabalhadores" da pedreira atuavam em proveito da empresa.
No Portal de Transparência do Estado do Piauí há dezenas de contratos de obras públicas em nome desta construtora, que somam mais de R$ 200 milhões em recursos públicos - mais da metade em 2024, ano seguinte à fiscalização, feita entre fevereiro e março de 2023. Parte desse recurso tem como origem convênios com a Caixa Econômica Federal, segundo informações do site público.
Não é possível afirmar, pelos documentos do MTE, qual foi a destinação específica das pedras compradas da pedreira fiscalizada.
O relatório da fiscalização afirmou que os trabalhadores resgatados identificaram Lourival Nogueira de Araújo Filho, sócio da construtora, como responsável pela pedreira e que ele já esteve no local "para verificar as condições da pedreira". O documento diz que os pagamentos pelas pedras eram feitos em dinheiro, por quinzena, sem notas fiscais.
A equipe também encontrou no local uma pá carregadeira e um caminhão que pertenciam à construtora.
Equipe de fiscalização diz ter encontrado equipamentos da construtora na pedreira
Ministério do Trabalho e Emprego/Reprodução
"Não se tratava de uma simples compra e venda de pedras", diz o relatório. "Entende-se que a empresa Construtora Renata Ltda é a responsável direta pelas relações trabalhistas caracterizadas e pelas consequências jurídicas que delas decorrem."
Com base nas evidências da fiscalização, o auto de infração saiu em nome da própria construtora.
O caso teve desdobramentos distintos na Justiça.
A Construtora Renata, pessoa jurídica, não entrou para a 'lista suja' do trabalho análogo à escravidão, que é uma relação divulgada semestralmente pelo governo federal com os nomes de pessoas e empresas autuadas.
Isso porque obteve, em janeiro deste ano, uma decisão na Justiça do Trabalho que suspendeu as multas recebidas.
O juiz do trabalho Ferdinand Gomes dos Santos reconheceu que a inclusão do nome da construtora na lista suja "tem potencial de causar prejuízos de difícil reparação, especialmente pela impossibilidade de contratar com o Poder Público, o que poderia comprometer a viabilidade econômica."
A segunda empresa autuada, Construtora Apodi Ltda, teve contrato de R$ 1 milhão assinado em setembro do ano passado, com recursos de um convênio com a Caixa Econômica Federal, via Ministério das Cidades. O recurso, segundo o banco, ainda não foi liberado.
O convênio prevê que a prefeitura deve checar a regularidade dos contratos e trabalho pelas empresas prestadores de serviço. Não especifica, no entanto, se essa fiscalização deveria se estender à origem do material usado na obra.
Os trabalhadores da pedreira que fornecia as pedras à Construtora Apodi tomavam banho com baldes de água e não dispunham de banheiro ou cozinha, segundo o MTE.
Um dos trabalhadores lá resgatados contou à reportagem que já viu até cobra no alojamento em que ele dormia, que não tinha qualquer tipo de proteção.
Fiscalização apontou que não havia estrutura adequada para armazenagem, preparo, conservação e consumo das refeições; os alimentos eram mantidos ao ar livre e em cima dos blocos de pedras
Ministério do Trabalho e Emprego
Quando os fiscais descreveram a situação dele como a de um escravo, ele não estranhou. "A gente tinha uma condição muito ruim. Mas precisava do trabalho", disse ele em entrevista à BBC News Brasil, um ano depois de ter sido resgatado.
A assinatura de contrato com a Construtora Apodi aconteceu em setembro de 2024, segundo o portal da transparência da cidade. Foi assinado, portanto, depois da fiscalização, que aconteceu em um sítio na zona rural da cidade em junho do mesmo ano.
Onze trabalhadores em situação degradante foram resgatados. O auto de infração destacou que "toda a destinação do fruto de trabalho da mão de obra encontrada na pedreira era em benefício final à administração pública".
Quando a Caixa soube, pela BBC News Brasil, sobre o registro de trabalho análogo à escravidão, informou que "será emitida comunicação formal ao município para que tome conhecimento da situação e apresente as providências adotadas, atestando a regularidade e legalidade da contratação." Já o Ministério das Cidades diz que o processo licitatório é de inteira responsabilidade dos municípios.
A Prefeitura de Taperoá disse, em nota, que não recebeu nenhuma notificação oficial das infrações e afirma que segue rigorosamente a legislação.
O prefeito de Taperoá, George Farias, não deu entrevista. Sua assessoria disse que ele estava fora da cidade.
Em entrevista à BBC News Brasil, o assessor jurídico do município Danilo Leite disse ainda que tomou conhecimento dos casos somente após o contato da reportagem, em março deste ano - os casos aconteceram em 2024, há quase um ano. Reforçou que não há qualquer impedimento legal no momento para a contratação das empresas, mas que a gestão não compactua com trabalho análogo à escravidão.
José Alexandre Sousa Rodrigues, proprietário da Construtora Apodi, disse que "jamais utilizou em suas obras material oriundo de fontes escusas" e que repudia a tentativa de vincular a imagem de uma empresa séria "a um ato tão repugnante como o trabalho escravo."
A reportagem questionou se ele discordava do auto de infração e dos achados dos auditores fiscais do trabalho, mas ele não comentou os pontos específicos do documento.
Relatório de inspeção apontou falta de banheiro e chuveiros
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Dono de construtora autuada tem contratos para pavimentar cidade em que o pai é prefeito em quarto mandato
"Como eu sou um cara privilegiado por ser filho do meu pai. De um cara que é trabalhador, um cara que inspira pessoas, que é um líder que te motiva, te cativa", disse o empresário Eduardo Alves Carvalho Filho em um vídeo publicado em sua conta no Instagram, em julho de 2024.
Eduardo Filho é empresário, sócio de uma construtora que tem no currículo recente a execução de obras públicas.
O pai homenageado no vídeo é Eduardo Alves Carvalho, atual prefeito de Regeneração que está em seu quarto mandato. A cidade fica no interior do Piauí, a cerca de 150km da capital Teresina.
Censo 2022: 16% dos brasileiros vivem em ruas sem calçadas e só 15% têm acesso a rampas para cadeirantes
https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2025/04/17/censo-2022-trechos-de-rua-sem-calcadas-rampas-para-cadeirantes.ghtml
No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 0,44%, cotada a R$ 5,8645. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou em queda de 0,72%, aos 128.317 pontos. Notas de dólar.
Dado Ruvic/ Reuters
O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (17), com os mercados financeiros globais repercutindo as mais recentes falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e a reação negativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Nesta quarta (16), Powell, afirmou que as tarifas impostas por Trump atingiram um nível maior do que o esperado, indicando que a guerra tarifária pode complicar a capacidade da instituição de controlar a inflação.
Trump não gostou e disse que Powell está "sempre muito atrasado e errado" em relação a condução da política de juros nos EUA e que as tarifas estão deixando o país rico.
Embora agentes do mercado financeiro acreditem que o Fed possa cortar os juros ainda neste ano, a política tarifária de Trump gera incertezas. Isso porque o aumento das tarifas tende a pressionar os preços e a aumentar a inflação — potencialmente forçando o BC norte-americano a subir os juros do país novamente.
Juros maiores nos EUA podem encarecer o dólar, porque aumentam a rentabilidade dos títulos públicos do país, ainda considerados o investimento mais seguro do mundo.
"O Fed está esperando para ver como as coisas vão se desenrolar antes de tomar qualquer tipo de medida em relação às taxas [de juros]", declarou o chefe do Federal Reserve nesta quarta.
O que são as Treasuries e como Trump está ameaçando o status de ‘investimento mais seguro do mundo’
O mercado também segue repercutindo os novos desdobramentos do tarifaço de Trump, com o presidente sinalizando que tem avançado nas negociações com parceiros comerciais de diferentes países.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
Às 09h20, o dólar subia 0,28%, cotado a R$ 5,8808. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve queda de 0,44%, cotada a R$ 5,8645.
Com o resultado, acumulou:
recuo de 0,12% na semana;
ganho de 2,78% no mês; e
perda de 5,10% no ano.
a
📈Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice teve baixa de 0,72%, aos 128.317 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 0,50% na semana;
recuo de 1,49% no mês; e
ganho de 6,68% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Além de chamar Powell de "atrasado e errado", Trump ainda reclamou do tempo que falta para que o mandato do banqueiro central a frente do Fed seja concluído, dizendo que esse momento "não chega rápido o suficiente". Os mandatos de presidente e vice do Fed têm duração de quatro anos. Powell deve deixar o cargo somente daqui um ano, em maio de 2026.
As taxas de juros nos EUA estão, atualmente, entre 4,25% e 4,50% ao ano — um patamar alto para os padrões de juros do país — e Trump já criticou essa política monetária em diversas ocasiões, desejando o corte dos juros.
🔎 Isso porque juros altos são uma ferramenta para controlar a inflação, já que encarecem a tomada de crédito pela população e pelas empresas e, assim, impacta os níveis de consumo e investimentos da economia, reduzindo a pressão sobre os preços.
⚠️ No entanto, com menor consumo, a atividade econômica tende a desacelerar, afetando o crescimento da economia do país.
Na quarta-feira, Powell afirmou que as tarifas impostas por Trump atingiram um nível maior do que o esperado, reiterando que a guerra tarifária pode complicar a capacidade da instituição de controlar a inflação e maximizar o mercado de trabalho.
Powell também indicou que, diante das incertezas com o tarifaço de Trump, o Fed poderá manter a taxa básica de juros do país estável na próxima reunião (nos dias 6 e 7 de maio), enquanto aguarda "maior clareza antes de considerar quaisquer ajustes".
"Espera-se que o Banco Central Europeu (BCE) corte suas taxas de juros pela sétima vez, e, no entanto, o 'atrasado' do Jerome Powell, do Fed, que sempre chega 'TARDE DEMAIS E ERRADO', divulgou ontem um relatório que foi mais uma típica 'bagunça' completa! Os preços do petróleo caíram, os (preços dos) alimentos (até os ovos!) caíram, e os EUA estão ficando RICO EM TARIFAS. O atrasado deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE, há muito tempo, mas certamente deveria reduzi-las agora. O fim do mandato de Powell não chega rápido o suficiente!"
Trump fala sobre Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, na plataforma Truth Social
Reprodução/Truth Social
Trump chama presidente do BC americano de 'atrasado e errado' e torce pelo fim de seu mandato
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/17/trump-diz-que-powell-esta-atrasado-e-errado-sobre-juros-nos-eua-e-que-fim-do-mandato-nao-chega-rapido-o-suficiente.ghtml
A proposta deve custar R$ 4,45 bilhões aos demais consumidores, com impacto imediato de 1,4% na conta de energia elétrica.
A pasta, contudo, pretende compensar a medida com a limitação dos descontos às fontes de energia incentivada — como eólica e solar.
💡 A solução iria retirar da conta de luz cerca de R$ 10 bilhões em subsídios no longo prazo, com o vencimento dos contratos de aquisição de energia dessas fontes incentivadas.
Ou seja, se aprovada, a medida pode representar um aumento imediato de R$ 4,45 bilhões na conta de luz a partir dos reajustes anuais nas tarifas de energia aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Já a compensação seria gradual. A pasta ainda não tem previsão de quando começaria ou se encerraria esse faseamento da compensação.
A China foi um dos países que foi tarifado — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao tarifaço, o governo chinês impôs, na sexta (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram retaliar a resposta, e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até as 13h (horário de Brasília) de terça-feira (8) ou seria taxado em mais 50 pontos percentuais, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para "revidar até o fim".
Cumprindo a promessa de Trump, a Casa Branca confirmou a elevação em mais 50% das tarifas sobre os produtos chineses. O presidente americano disse, porém, que acreditava que a China chegaria a um acordo com os EUA para evitar mais tarifas.
A resposta chinesa veio na manhã de quarta-feira (9): o governo elevou as tarifas sobre os EUA de 34% para 84%, acompanhando o mesmo percentual de alta dos EUA.
No mesmo dia, Trump anunciou que daria uma "pausa" no tarifaço contra os mais de 180 países que foram taxados com tarifas que variam de 10% a 50%. Essa pausa é, na verdade, uma redução de todas as tarifas para 10% por um prazo de 90 dias. Tarifas específicas já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, não são afetadas pela medida — e continuam valendo.
A exceção, porém, foi a China. Trump anunciou mais uma vez a elevação de tarifas sobre os produtos chineses, para 125%. Na quinta (10), a Casa Branca explicou que as taxas de 125% foram somadas a outra tarifa de 20% já aplicada anteriormente sobre a China, resultando numa tarifa total de 145%.
Como resposta, na sexta-feira (11), os chineses elevaram as tarifas sobre os americanos para 125%.
Nesta terça, os EUA voltaram a afirmar que estão dispostos a negociar os acordos comerciais com a China, mas que essa possibilidade está na palma da mão dos chineses.
"O presidente deixou bem claro que está disposto a fazer um acordo com a China, mas a China também precisa querer fazer um acordo com os EUA", afirmou Katherine Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca.
Veja as dezenas sorteadas: 06 - 22 - 24 - 49 - 53 - 56. Quina teve 58 apostas ganhadoras; cada uma vai levar R$ 61.845,62. Mega-Sena
Marcelo Brandt/Arquivo g1
O sorteio do concurso 2.852 da Mega-Sena foi realizado na noite deste sábado (12), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 45 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 06 - 22 - 24 - 49 - 53 - 56
5 acertos - 58 apostas ganhadoras: R$ 61.845,62
4 acertos - 4.666 apostas ganhadoras: R$ 1.098,23
O próximo sorteio da Mega será na terça-feira (15).
Mega-Sena, concurso 2.852
Reprodução/Caixa
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
A
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília), em qualquer lotérica do país ou pela internet, no site da Caixa Econômica Federal – acessível por celular, computador ou outros dispositivos.
É necessário fazer um cadastro, ser maior de idade (18 anos ou mais) e preencher o número do cartão de crédito.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para a aposta simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 5, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 15 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 22.522,50, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 10.003, ainda segundo a Caixa.
Com a decisão, esses produtos ficam de fora das tarifas de 145% impostas à China, principal polo de produção de produtos como o iPhone. iPhone e Donald Trump
Apple e Reuters
O governo Trump isentou celulares, computadores e outros eletrônicos das 'tarifas recíprocas' anunciadas pelo presidente Donald Trump no início do mês. A medida foi divulgada na noite desta sexta-feira (11) pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
Com a decisão, esses produtos ficam de fora das tarifas de 145% impostas à China, principal polo de produção de eletrônicos como o iPhone, e da alíquota de 10% aplicada à maioria dos outros países.
A isenção deve reduzir o impacto no bolso dos consumidores americanos e beneficiar grandes empresas do setor, como a Apple, que tem cerca de 90% da linha de produção e montagem baseada na China, de acordo com a Wedbush Securities, empresa de serviços financeiros.
Analistas da empresa chamaram a exclusão tarifária de "a melhor notícia possível para investidores em tecnologia", neste sábado (12), segundo a CNN.
Outros componentes eletrônicos, como semicondutores, células solares e cartões de memória também foram isentos das tarifas, segundo a Bloomberg. A revista destaca que estes itens não costumam ser fabricados nos EUA e a instalação de uma produção nos EUA exigiria anos de estruturação.
'Fuga' de iPhones
Para escapar de ‘tarifaço’, Apple encheu seis aviões com Iphones feitos na Índia
Com a confirmação das novas tarifas, analistas alertaram para um possível aumento nos preços dos iPhones vendidos nos EUA, dada a alta dependência da Apple das importações chinesas. Principal centro de fabricação dos dispositivos, a China está sujeita à maior sobretaxa de Trump, de 145%, confirmada nesta quinta (10).
A Apple vende mais de 220 milhões de iPhones por ano em todo o mundo. A Counterpoint Research estima que, agora, 20% do total de importações de iPhone para os EUA vem da Índia, e o restante continua vindo da China.
Para "driblar a tarifaço", a Apple fretou aviões cargueiros para transportar cerca de 1,5 milhão de iPhones, ou 600 toneladas, da Índia para os Estados Unidos, segundo a Reuters. Quando os embarques ocorreram, o imposto de importação cobrados de produtos indianos era de 26%, muito menor que a sobretaxa imposta à China.
Na quarta (9), Trump suspendeu por 90 dias o programa de tarifas recíprocas e reduziu para 10% as tarifas de importação contra países, exceto a China.
Trump quer iPhone feito nos EUA, mas aparelho custaria 3 vezes mais, diz analista
5 perguntas e respostas rápidas sobre o tarifaço de Trump
"Além da maior procura pela proteína, reflexo do crescimento das vendas no atacado para abastecer redes atacadistas e varejistas, a disponibilidade do produto também está mais controlada", afirma o Cepea.
Agentes consultados pelo Cepea relatam que o descarte de poedeiras mais velhas influenciou na redução da oferta doméstica.
📝LEIA MAIS
'Crise dos ovos' nos EUA tem relatos de roubo de carga e dúzia a R$ 60
Preço dos ovos dispara: entenda a crise que atinge o Brasil e os EUA
Alta de mais de 40%: por que o preço do ovo disparou no Brasil?
Janeiro de 2024
Em janeiro de 2024, o movimento do mercado doméstico para o setor era contrário no fim da primeira quinzena daquela mês. Na ocasião, os preços dos ovos atingiram a menor cotação desde 2022, como resultado maior oferta do produto internamente e do enfraquecimento das vendas. Na região de Bastos (SP) e na Grande São Paulo (SP), os valores variavam entre R$ 131 e R$ 139 a caixa de ovos com 30 dúzias.
Granja em Bastos produz 20% de todos os ovos consumidos no Brasil
TV TEM/Reprodução
VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e região
Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba
Segundo pesquisas do Cepea, de Piracicaba (SP), cotações da caixa de ovos comercias vermelhos com 30 dúzias ultrapassaram os R$ 276 em praças consultadas pelo instituto. Preços dos ovos registram queda após onda de calor
Claudia Assencio/g1
Preços dos ovos registram alta no fim de janeiro de 2025
Claudia Assencio/g1
As exportações brasileiras de ovos, tanto in natura quanto processados, quase dobraram no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados compilados e analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba (SP), a partir de informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal.
Os dados da Secex, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apontam embarques de 65 mil toneladas de janeiro a março deste ano. A marca representa 97% a mais que em igual intervalo de 2024.
O crescimento expressivo nos embarques do produto podem ser explicadas pelo aumento nas compras dos Estados Unidos (EUA)e O país enfrenta surto de gripe aviária.
"Apenas nos três primeiros meses de 2025, os EUA já importaram volume 28% superior ao total adquirido ao longo de todo o ano passado — foram cerca de 2,7 mil toneladas entre janeiro e março, contra 2,11 mil toneladas no ano passado inteiro", aponta o Cepea.
Os Estados Unidos assumiram a liderança dentre os destinos das exportações brasileiras de ovos, sendo pouco provável uma mudança de cenário mesmo com o recente anúncio do governo norte-americano sobre a aplicação de uma tarifa de 10% sobre produtos do Brasil, ainda conforme avaliam pesquisadores do Cepea.
Preços em alta em fevereiro
Com altas registradas na primeira semana de fevereiro, os preços comerciais dos ovos mantiveram reajustes no mercado doméstico e alcançam aumentos recordes nas cotações nas regiões produtoras acompanhadas pelo Cepea.
🌡️A onda de calor reflete no custo de produção e na qualidade e durabilidade dos ovos, reiteram os pesquisadores do Cepea. Associado a isso, a baixa disponibilidade da proteína no mercado interno e a demanda aquecida explicam o encarecimento da proteína.
📉A perspectiva é que os preços comecem a baixar após a quaresma. Nesse período, devido à típica redução no consumo de carnes, é comum verificar o aumento na demanda por ovos, o que também impacta nos preços da proteína.
📲 Receba no WhatsApp notícias da região de Piracicaba
📈Preços: Em menos de 15 dias, a cotação dos ovos vermelhos aumentou quase 24% no atacado na região produtora de de Santa Maria de Jetibá (ES), passando de R$ 223 a caixa com 30 dúzias no último dia 7 de fevereiro para R$ 276 nesta quinta-feira (20).
Na região de Bastos (SP), o preço da caixa de ovos vermelhos passou de R$ 226 para R$ 241 entre os dias 7 e 20 de fevereiro. E, na Grande São Paulo, a cotação aumentou de R$230 para R$ 250 em menos de 15 dias.
"Embora as vendas tenham se desacelerado, como é típico neste período do mês, a baixa oferta ainda sustenta os preços nas praças acompanhadas pelo Cepea. [...] "As médias são recordes diários reais da série do Centro. Os dados foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI) de janeiro de 2025", aponta.
Entre 12 e 19 de fevereiro, as cotações do ovo branco em Santa Maria de Jetibá (ES) avançaram 1,1%, para R$ 236,21 no último dia 19 de fevereiro. Os preços dos ovos vermelhos aumentaram 5% na segunda quinzena de fevereiro.
Quaresma
O mercado de ovos é monitorado pelo Cepea desde 2013. A pesquisadora do setor pela o Centro de Estudos, Claudia Scarpelin, explica em artigo publicado no site da instituição que:
"Historicamente, os preços seguem uma tendência sazonal de alta no período que antecede a Quaresma. Esse comportamento se repete em 2025, com uma valorização expressiva das cotações em fevereiro", disse.
Custos de produção
Um último passo foi fazer buscas nos portais de transparência de órgãos públicos em buscas de contratos dos últimos cinco anos – nem todas as cidades buscadas dispunham de dados atualizados.
Como nem todos os relatórios foram divulgados pelo governo federal, e nem todos os casos apuram o destino das pedras produzidas, não é possível dizer que o levantamento da reportagem represente todo o universo de infrações.
Também não é correto afirmar que todas as obras públicas das empresas citadas usaram pedras obtidas com trabalhadores em condições degradantes, já que os relatórios não especificam, na maioria dos casos, a quantidade de pedras vendidas, a frequência das vendas ou as obras relacionadas.
Imagens feitas por Vitor Serrano, jornalista de vídeo da BBC News Brasil.
Gráficos feitos por Caroline Souza, Equipe de Jornalismo Visual da BBC News Brasil.
VEJA MAIS EM:
O que fez primeira empresa pública entrar para lista suja do trabalho escravo
Escravo ou escravizado? O debate que reflete mudança de como Brasil enxerga a escravidão
'Lista suja' do trabalho escravo é atualizada; veja os novos nomes
Entenda o que é a 'lista suja' do trabalho escravo que incluiu o cantor Leonardo
Saiba o que é trabalho escravo
"A maior parte dessas pedreiras opera ilegalmente, tanto em relação à licença ambiental quanto no que tange à regularização fiscal e trabalhista", diz a auditora fiscal do trabalho Gislene Stacholski, que investiga a situação de trabalhadores em pedreiras há pelo menos quatro anos.
A auditora conta que as operações mais recentes têm o objetivo de alcançar o topo da cadeia produtiva, indo além de apenas buscar as irregularidades trabalhistas específicas das pedreiras. Ressalta, no entanto, que apenas recentemente foi possível rastrear para onde essas pedras estão indo.
"O próximo passo é responsabilizar também as prefeituras e os órgãos públicos que contratam as obras".
Um desafio, explica, é que a relação das construtoras com as pedreiras é quase sempre informal, sem apresentação de notas fiscais ou documentos de movimentação de materiais.
Por isso, sempre que consegue identificar a construtora, a fiscalização atua tanto na pedreira quanto na obra de pavimentação.
"Estamos flagrando trabalho escravo nas duas pontas, tanto na extração quanto na aplicação das pedras. E constatando que todos esses serviços são em prol de algum órgão público, que contrata as obras, em sua maior parte, de calçamento de ruas de cidades do interior. As prefeituras não fiscalizam a origem das pedras, a condição de trabalho, se a pedreira é legal e também não exigem nada".
A auditora já vinha dizendo que essa exploração dos trabalhadores em pedreiras deveria aumentar durante as eleições em 2024, conforme entrevista publicada no site Brasil de Fato, justamente pelo maior número de obras em andamento.
Para ela, uma forma de combater a prática é com o envolvimento de todos os outros atores institucionais, como o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF) e as próprias prefeituras e governos estaduais.
"Se continuarem contratando, usando como critério apenas o melhor preço, vai ser sempre esse tipo de contratação de mão de obra. A própria administração pública acaba fomentando essa situação", acrescentou ela.
'É mais provável que trabalhadores sejam presos por crime de furto do que um empregador por escravizar pessoas'
Não há hoje impedimento legal dessas contratações pelo poder público, mesmo depois de uma operação que flagra as condições análogas às de um escravizado.
Também não existe qualquer controle oficial das cadeias de produção das pedreiras.
Quando uma empresa ou pessoa é autuada, esta recebe uma punição administrativa, que pode ou não resultar em ação judicial.
O nome do empreendimento é então incluído, por dois anos, na chamada Lista Suja, um cadastro de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão.
Também é possível que os responsáveis pela empresa sejam responsabilizados, como pessoas físicas, na esfera criminal.
A inclusão na lista é vista como um dano à imagem da empresa, mas não impede a participação em disputas públicas por obras.
A Lei de Licitações e Contratos Administrativos, de 2021, diz que somente os empreendimentos com condenações judiciais com trânsito em julgado (sem opção de recursos) ficam impedidos de participar de certames públicos — o que, segundo especialistas, é raríssimo e o processo pode se arrastar por anos.
A lei é vista com ressalva por quem tem experiência nos resgates justamente por não garantir punição em certames públicos.
"A nova lei de licitações trouxe apenas uma ideia de proteção aos direitos humanos ao inserir a proibição de contrato com quem explora trabalho escravo, pois direcionou a proibição pelo caminho mais difícil, por onde há menos responsabilização. Faltou um olhar para a realidade do combate ao trabalho escravo no Brasil no momento de elaboração do projeto de lei", diz o auditor fiscal do trabalho e pesquisador Mauricio Krepsky.
A construtora diz nos autos que nega ter qualquer controle sobre a pedreira e seus trabalhadores, e que teve apenas uma "relação estritamente comercial de compra de pedras", sem vínculo com os funcionários.
A empresa firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), ato que representou, para o juiz do trabalho, "boa-fé e colaboração com as autoridades de fiscalização do trabalho."
A decisão de suspensão das multas foi contestada neste ano pela União, que pede a manutenção da punição e reforça seu caráter "pedagógico", que poderia desestimular condutas similares de outras empresas. Ainda não houve sentença definitiva sobre o caso.
Relatório do Ministério do Trabalho e Emprego destaca falta de equipamentos de proteção
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Já o sócio da construtora, Lourival Filho, bem como o gerente da pedreira, Domingos Cardoso dos Santos, passaram a responder pelo caso na esfera criminal, ainda sem decisão definitiva.
Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal ainda em 2023, ano da operação na pedreira, para apurar o caso. Uma denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Federal com base nos achados da fiscalização e aceita pela Justiça em março deste ano.
Lourival Filho repetiu à BBC News Brasil, por telefone, os argumentos que sua defesa havia apresentado à Justiça: de que só fez uma compra de pedras e que não possui qualquer relação com a pedreira ou com os trabalhadores lá encontrados em situação degradante. "Já foi resolvido. Meu nome não foi para a lista (do trabalho escravo), não sou tirador de pedra, não sou operador de pedreira", disse.
Ele acredita que será inocentado no processo criminal. "Se eu já estou sendo absolvido (na Justiça do Trabalho), vai servir para poder provar que eu não tenho nada a ver com isso."
Domingos Cardoso não se manifestou.
Um outro relatório de fiscalização, este de 2022, encontrou trabalhadores em situação análoga à escravidão nas pedreiras Areia e Monge Velho, em Amarante, também no Piauí.
O dono do estabelecimento disse que tinha vendido, naquele ano, pedras para a Construtora Jurema Ltda, cujos sócios são João Costa e Castro e João Eduardo Chaves Castro - irmão e sobrinho do senador Marcelo Castro (MDB-PI), respectivamente.
O autuado, neste caso, foi uma pessoa física que comandava a pedreira. A Jurema é citada no documento somente como parte da cadeia de produção e compradora de 74,8 mil pedras, mas não houve multa para a empresa. A Jurema já integrou a lista suja do trabalho escravo na década passada, depois de uma operação ter identificado, em 2011, condições precárias de trabalhadores que faziam a limpeza de vegetação em uma rodovia.
A Construtora Jurema, em nota, ressaltou que não existem processos administrativos contra a empresa no MTE e disse que nunca comprou essas pedras, apesar de a equipe de fiscalização do órgão citar, no relatório, nota fiscal da transação.
Já sobre o caso de 2011, disse que foi absolvida de qualquer acusação. Disse ainda que "repudia veementemente qualquer prática relacionada ao trabalho análogo à escravidão e reforça seu compromisso com o respeito aos direitos humanos, à legislação trabalhista e à responsabilidade social em toda a sua cadeia de fornecimento."
O senador Marcelo Castro disse, em nota, que "repudia veementemente qualquer forma de trabalho análogo à escravidão e reitera seu compromisso com os direitos trabalhistas e o combate a essa prática". Ele reforça ainda que não possui qualquer relação com a gestão ou operação das empresas mencionadas.
Sem opção de renda, trabalhadores querem voltar às pedreiras e até se irritam com operação
Representantes de pedreiras se reuniram na frente do prédio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Campina Grande, e reclamam de operações
Vitor Serrano/BBC News Brasil
O depoimento do vídeo segue: "como filho de Regeneração, é muito bom ter um gestor tão preocupado com sua terra. Um cara que tira do dele para dar para quem mais precisa e você vê que é de coração."
Eduardo Filho, empresário (à esquerda), ao lado do pai, Eduardo Alves Carvalho, o Seu Dua, que é prefeito de Regeneração, no Piauí
Reprodução/Instagram
Mas o laço familiar não é a única coisa que liga Eduardo, o filho, à pequena cidade do Piauí, de 17 mil habitantes.
A Jaicó Construtora e Distribuidora, que ele comanda, firmou contratos com órgãos do governo do Estado para realizar obras no mesmo município.
Foi em uma pedreira usada pela construtora para obter pedras que uma fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego encontrou, em maio de 2023, trabalhadores alojados em um barraco improvisado e que lá cortavam o material diariamente, inclusive aos finais de semana.
A equipe preparava suas refeições em uma cobertura de lona e os alimentos ficavam pendurados em sacolas nos galhos das árvores ou soltos pelo chão. Não havia banheiros para os funcionários nem chuveiros. Também não era oferecida água potável.
Eduardo Filho disse aos auditores, após a fiscalização, que naquele momento estava executando a obra do calçamento do distrito do Jacaré, na cidade administrada pelo pai, para onde as pedras produzidas pelos trabalhadores da pedreira fiscalizada estavam sendo levadas.
A empresa tinha contrato firmado com a Agência de Desenvolvimento Habitacional do Piauí (ADH), em 2022, no valor de R$ 765 mil. O órgão é vinculado ao governo do Estado, não ao município.
A fiscalização indicou que os trabalhadores na pedreira eram de outras cidades e, por causa da distância, estavam morando em barracos improvisados nas redondezas da pedreira. Por este caso, a Construtora Jaicó passou a integrar a lista suja do trabalho escravo.
Depois da autuação, outros contratos com o Estado, sob gestão do governador Rafael Fonteles (PT) e do secretário de Transportes Jonas Moura, foram assinados.
O Portal de Transparência do Piauí registra ao menos mais dois, de 2024, ambos com a Secretaria dos Transportes (Setrans), que somam R$ 4 milhões, sendo o maior contrato para outra obra de pavimentação em Regeneração.
Local de preparo das refeições da pedreira em Regeneração (PI), segundo imagem tirada por auditores fiscais do trabalho
Ministério do Trabalho e Emprego/Reprodução
O relatório de fiscalização também coloca em dúvida se o filho é o responsável pela pedreira.
Trabalhadores resgatados disseram que trabalhavam para o "Sr. Dua", nome pelo qual o prefeito de Regeneração, Eduardo Alves Carvalho, é conhecido.
Afirmaram que ele é quem "contratava os trabalhadores, emanava ordens, controlava os serviços executados, retirava o material produzido e efetuava os pagamentos dos salários."
Um trabalhador disse que "todas as pedras são aplicadas em obras próprias" e que o prefeito "mexe há bastante tempo com calçamentos e que esses serviços são de conhecimento de todos os moradores da região."
Um encarregado disse à fiscalização que, a cada pagamento aos trabalhadores, ia à casa do prefeito e pegava o dinheiro em espécie correspondente aos valores produzidos pela equipe.
O filho e dono da empresa negou às autoridades que o pai tivesse relação com a pedreira e disse que ele "apenas lhe auxilia em alguma atividade do dia a dia." Afirmou também que não se via como patrão dos trabalhadores, mas sim que apenas comprava as pedras deles.
Em depoimento ao Ministério do Trabalho e Emprego, trabalhador da pedreira diz que prefeito seria o verdadeiro responsável pela empresa de calçamento
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
O Piauí é o Estado que mais aparece no levantamento da BBC News Brasil. A reportagem encaminhou ao governo do Estado uma lista com nove construtoras que possuem contratos públicos e que foram autuadas ou que compraram pedras extraídas por trabalhadores considerados em situação análoga à escravidão.
De volta ao cargo, houve outro processo por irregularidades, que incluiu acusações de captação ilícita de sufrágio (compra de votos) e decisão por cassação em 2019. Desta vez Jurandi não conseguiu reaver o cargo, mas teve a decisão parcialmente reformada após recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve seus direitos políticos.
Desde 2021, quem ocupa a prefeitura é George Farias (PSDB), reeleito em 2024. Embora tenha o mesmo sobrenome, não é parente de Jurandi. A família Farias, no entanto, tem longa presença na política local: o pai de George, Mandu Farias, foi prefeito; dois irmãos, Adriano Monteiro e Luiz José (o Lula de Mandu), também governaram a cidade.
Adesivos da campanha de George Farias, reeleito prefeito em 2024, ainda são vistos em casas de Taperoá, na Paraíba; a foto foi feita em março de 2025
Vitor Serrano/BBC News Brasil
Das emendas parlamentares às calçadas
Tanto Jurandi quanto George destacaram o tema da pavimentação no ano eleitoral de 2024.
George comemorou em seu Facebook o recebimento de recursos vindos de emendas parlamentares destinadas, segundo o prefeito, por dois senadores, Veneziano Vital e Efraim Filho, que seriam usados para o calçamento de ruas.
Prefeito George Farias, de Taperoá (PB), comemora recebimento de recursos para obras de pavimentação em sua conta no Facebook
Reprodução/Facebook
Já Jurandi, em um debate entre os candidatos a prefeito, se apresentou como "o Jurandi que fez as grandes obras de Taperoá, que abriu as grandes ruas".
Foi neste ano de obras nas ruas e promessas que uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego flagrou duas empresas contratadas para obras de pavimentação da prefeitura ligadas a casos de trabalho análogo à escravidão.
Em um dos casos, os trabalhadores ficavam na pedreira das 6h às 17h e lá produziam até 1,5 mil pedras por semana. Eles descansavam em um barraco, onde também faziam as refeições, com um fogão improvisado, segundo o documento.
Relatório de fiscalização apontou que trabalhadores improvisavam um fogareiro com pedras para preparar as refeições, que eram cozinhadas ao relento, sem estrutura adequada. A área ao redor do barraco também servia para armazenar alimentos e materiais diversos, incluindo uma forjaria de ferramentas improvisada
Ministério do Trabalho e Emprego via BBC
O dono do sítio em que ficava a pedreira admitiu ser o responsável pela produção dos trabalhadores e foi autuado.
Pedras lá extraídas eram repassadas à H&G Construtora, que então usava o material em obras de pavimentação do município, segundo o relatório de fiscalização.
Obra na rua Nossa Senhora da Conceição, em Taperoá, que é citada no relatório que multou pedreira e identificou a H&G Construtora como compradora das pedras
Vitor Serrano/BBC News Brasil
A H&G é de propriedade de Antonio Hilario de Gouveia, que já apareceu em fotos nas redes sociais com materiais de campanha e abraçado com o ex-prefeito Jurandi Gouveia em 2016 - não foi possível confirmar se eles são parentes. Assim como os Farias, o sobrenome Gouveia é bastante comum na região.
Jurandi não respondeu se possui relação com o empresário. Também não foram encontradas informações no site da prefeitura de contratos estabelecidos durante suas gestões na cidade – os dados mais antigos são de 2022, quando George Farias já havia assumido o cargo de prefeito.
Antonio Hilario de Gouveia foi procurado, mas não respondeu às mensagens enviadas pela reportagem.
Os senadores Veneziano Vital e Efraim Filho foram procurados por e-mail, mas não se manifestaram.
O ex-prefeito Jurandi Gouveia e o empresário Antonio Hilario de Gouveia, em foto publicada no Facebook em 2016
Reprodução/Facebook
Prefeito de Taperoá, George Farias visita rua que está recebendo pavimentação e fala com moradores; material foi divulgado em suas redes sociais
Reprodução/Facebook